Antes com pegada mais popular e status de SUV mais vendido no Brasil, modelo foi “arrochado” para abrir espaço a concorrentes da Fiat
Desde que surgiu em nosso mercado, o Jeep Renegade se tornou queridinho do público. Seu jeito de SUV quadrado, com forte apelo visual, porém amigável em termos de dirigibilidade, logo conquistou o consumidor brasileiro. Não à toa, somos o país no qual o modelo tem seu melhor desempenho em vendas em todo o mundo.
Ao longo dos anos, nos acostumamos a ver o Renegade sempre na briga para ser o SUV mais vendido do País. Só que essa realidade já não lhe pertence mais em 2022. Ok, seus índices de emplacamentos continuam a despertar inveja de muitos rivais, com 37.550 no acumulado de janeiro a setembro e média de 4.172 por mês.
Porém, para um produto que no ano passado emplacou quase 74.000 exemplares, com média de 6.159 ao mês, os números já não causam mais tanto impacto assim. Na verdade, desde que ele foi lançado, as médias de venda do Renegade só não estão piores neste ano do que estiveram em 2017 e 18, anos nos quais ele perdeu espaço para o irmão Compass.
Naquela época, o recuo era calculado, a fim de abrir alas a um produto maior e mais caro construído sobre a mesma plataforma. Depois, a Stellantis soube assentar os dois produtos e passou a capitalizar com ambos, de maneira muito forte, nos últimos anos.
Desta vez o cenário é parecido, mas não tanto. Na virada para a linha 2022, o Renegade passou por mudanças que enxugaram sua gama de versões, trocando os veteranos motores 1.8 E.torQ e 2.0 Multijet turbodiesel pelo Turbo 270 (1.3 turboflex), em configurações 4×2 automática de seis marchas ou numa inédita variante 4×4 com câmbio automático de nove velocidades.
Com isso, sua faixa de preços foi estreitada de quase R$ 90.000 (entre R$ 100.000 e R$ 185.000) para R$ 40.000 (entre R$ 130.000 e R$ 170.000), abrindo uma tendência para que se torne uma espécie de carro de nicho, ironicamente provocada pela própria Stellantis.
Com a chegada do Fiat Pulse, a fabricante já havia subido o sarrafo do Renegade. Agora, com o Fastback, prevê-se que ele fique ainda mais arrochado entre este último e o Compass. E o motivo para isso é bem simples: o Fastback ocupa basicamente a mesma faixa do Renegade (R$ 130.000 a R$ 160.000), mas é um produto bem mais rentável.
Afinal, enquanto o Renegade usa a plataforma Small Wide 4×4, mais robusta, o Fastback utiliza uma evolução da base MP de Argo e Cronos, modelos de porte compacto e apelo mais popularesco.
Basta andar em um e em outro para sentir as diferenças de refinamento entre eles. Sim, o Fastback anda muito, tem uma dinâmica interessante e um porta-malas gigante, mas não chega perto do nível de sofisticação do primo em termos de construção de carroceria, acabamento interno, conforto, isolamento acústico e suspensão.
E assim o destino implacável vem e muda tudo que tínhamos antes como paradigma. Se antes o Renegade era galinha dos ovos de ouro, de repente já não é mais tão interessante de vender quanto um Fastback ou um Compass.
Será que os consumidores permitirão que ele se torne mesmo um produto nichado? Ou será que sua força e renome falarão mais alto e ele seguirá bom de loja, mesmo que a fórceps? Quem diria que o mais queridinho entre os SUVs brasileiros estaria a um passo de se tornar, com o perdão do trocadilho óbvio, um renegado…
Jeep Renegade – histórico de vendas no Brasil
2022 – 37.550 unidades entre janeiro e setembro, média de 4.172 por mês
2021 – 73.913 unidades, média de 6.159 por mês
2020 – 56.865 unidades, média de 4.739 por mês
2019 – 68.726 unidades, média de 5.727 por mês
2018 – 46.344 unidades, média de 3.862 por mês
2017 – 38.330 unidades, média de 3.194 por mês
2016 – 51.563 unidades, média de 4.296 por mês
2015 – 39.187 unidades entre abril (lançamento) e dezembro, média de 4.354 por mês