Lendário hatch é referência em desempenho e dirigibilidade. No entanto, vale a compra?
Fotos: Lucas Henk e divulgação
Quando pensamos em um esportivo nacional, o Volkswagen Golf é um dos primeiros que nos passa pela cabeça. Desde a sua chega ao Brasil, em 1995, logo após a descontinuação do Gol GTI, o hatch mexicano logo caiu na graça dos brasileiros muito pelo legado deixado pelo irmão menor, um sucesso que causa nostalgia de quem o lembra.
O modelo, que está atualmente na sétima geração (mk7), foi apresentado em 2013 à imprensa mundial. Mas, o que a VW não contava, no entanto, era a queda na demanda por hatches, principalmente os médios, que só diminuem e que são motivadas pelo aumento na procura pelos SUVs e pelos crossovers.
Desde a sua estreia no mercado mundial, em 1976, a sigla GTI — Gran Turismo Injektion —, remete a uma receita de baixo peso, potência e, grosso modo, tração dianteira. De lá para cá, o Golf GTI recebeu atualizações, desde a adoção do turbo — na quarta geração — até diversas tecnologias empregadas. Mas tudo isso tem o seu preço, certo?
Como padrão, as rodas são de 17 polegadas. Como opcional, podem ser de 18 pol.
No configurador da VW, o GTI parte de R$ 132.250. O próximo passo é a escolha da cor e do acabamento. Optei pela perolizada Preto Mystic, a mais cara, que acrescenta R$ 1.539 ao Golf. A parte mais interessante é a seção dos opcionais. Confesso que, quando entrei pela primeira vez, fiquei assustado.
Por R$ 4.618 você adiciona teto solar panorâmico ao hatch. Depois vem a parte que a marca nomeou como funcionais, os pacotes disponíveis: o Exclusive custa R$ 17.606 e traz itens de segurança e conforto — todos descriminados ao final desta matéria. Depois vem o Premium, por R$ 30.182, e, por fim, o Sport, que acrescenta R$ 5.711. Tudo somado, o seu VW Golf GTI 2017/2018 sai por R$ 174.300, somando só com opcionais R$ 42.050, mais do que um Renault Kwid zero quilômetro e topo de linha.
Como é guiar?
O Golf GTI que o Site do Carsughi avaliou não contava com o pacote Sport, então o seu preço final ficou em R$ 168.589. Longe de ser acessível, o hatch se vale da tradição e da notória dirigibilidade e comprometimento com o desempenho.
Adereços esportivos, como as siglas GTI e detalhes, o diferenciam das outras versões
O motor 2.0 TSI de 220 cavalos e torque máximo de 35,7 kgf.m entrega diversão já a 1 mil 500 rpm. A injeção direta e indireta de gasolina, com dois bicos por cilindro, ajuda equilibrar a quantidade de ar e combustível dentro da câmera de combustão de forma mais precisa. Em outras palavras, melhora a eficiência e, de quebra, aumenta a potência.
A aceleração aos 100 km/h é cumprida em 6,5 segundos, enquanto que a máxima fica em 244 km/h, segundo informa a fabricante. O câmbio é de dupla embreagem — enquanto uma cuida das marchas ímpares, a outra se encarrega das pares — e a direção, elétrica, necessita de 2,1 voltas para o esterçamento completo, extremamente precisa.
Capô possui amortecedores que seguram a tampa aberta, sem a necessidade do encaixe padrão
Mas, apesar de todos os predicados, as vendas do segmento dos hatches no Brasil estão cada vez piores. Dados da Fenabrave informam que em setembro a participação do segmento dos hatches médios é de apenas 1,16%, contra 2,18% em 2016. Isso só enaltece a tese sobre o ganho de terreno que os SUVs e os crossovers têm em detrimento dos outros.
Mesmo sabendo disso, a VW aposta neste segmento. Prova disso foi a apresentação do novo Polo, no final de setembro. Sou obrigado a apoiar a decisão da marca, simplesmente porque, assim como os sedãs, os hatches possuem excelente dirigibilidade e dose de conforto.
Há especulação sobre a apresentação da linha 2018 do hatch no ano que vem
Montado em São José dos Pinhais, no Paraná, o GTI , uma vez nacionalizado em 2015, perdeu o freio de estacionamento eletrônico quando comparado ao que vinha da Alemanha, mas, diferentemente do Golf nacional, manteve o câmbio DSG, como foi acima mencionado, e a suspensão independente McPherson na frente e multibraço atrás.
Na cor Vermelho Tornado, o carro chamava tanta a atenção que comecei a ficar constrangido — mentira, paguei mesmo é de playboy em todos os lugares em que passei. E quem tem um GTI, sabe do que estou falando. As costuras do banco em xadrez, exclusivas do modelo, são conhecidas como Clark e oferecem uma breve lembrança ao passado, principalmente as pessoas com mais de 35 anos.
Acabamento “Clark”, em xadrez, pode ser substituído pelo em couro
Outro ponto do GTI é a chave presencial que traz as siglas da versão em alumínio, assim como as pedaleiras com o mesmo tipo de material. Já o volante, com desenho diferenciado, tem costuras vermelhas na parte de dentro do arco, aço escovado e base achatada.
A central multimídia do Golf não é padrão. Ou seja, ela vem de série com a Composition Media com tela de 6,5 polegadas. Mas, como opcional, pode ser a Discover Pro com 8 polegadas com GPS, obviamente com inúmeras funções, dentre elas o recirculador automático do ar-condicionado. Esta função, de acordo com o clima externo e o interno, consegue controlar a circulação do fluxo para tornar mais agradável o ambiente na cabine.
Muitos itens cromados enaltecem o apelo esportivo do GTI
Mais por dentro
Na região da alavanca do câmbio existem seis botões, com funções de ligar e desligar o carro, modos de condução disponíveis — Eco, Sport, Normal e Individual, cada um com a sua peculiaridade, como o nome já diz. Vale frisar que no modo Sport todo o comportamento do carro, como tempo de reação do acelerador, volante, suspensão, ronco (este com pipocos nas trocas de marchas) e câmbio alteram o tempo de reação e o comportamento do carro.
Abaixo do modo de condução existe o botão que pode controlar a função que desliga e liga o motor em paradas no trânsito, depois vem o controle de tração, o Park Assist — que ajuda a realizar manobras na vertical ou na perpendicular. Por fim, há o acionamento dos sensores de aproximação dianteiro e traseiro. Todas elas são funções didáticas e dedutíveis, sem causar problemas na compreensão de cada uma.
Atrás, os cintos são de três pontos para os ocupantes, além de fixação ISOFIX para a cadeirinha de crianças e razoável espaço para quem tem até 1.85 m. Mas, com o elevado túnel central, fica ruim para quem viajar no assento do meio, mesmo a marca apostando em saídas de ar-condicionado para minimizar o desconforto. Uma coisa uma coisa, outra coisa é outra coisa. O porta-malas tem 313 litros, com capacidade expansão para até 330 l com o reposicionamento da tampa mais para baixo.
Este item redondo no meio do estepe é o subwoofer
Ah, caso aconteça de furar o pneu, para encontrar o triângulo de emergência, basta olhar para cima quando o porta-malas estiver aberto. Curioso é que o subwoofer (presente com o pacote Premium) está localizado no centro do estepe que, por sua vez, fica dentro do compartimento de bagagem — e não fora, como alguns modelos — e as ferramentas também estão bem visíveis.
Itens de série
Como padrão no Golf GTI, há: freios ABS e EBD com distribuição eletrônica de frenagem, ESC e EBD — controles eletrônico de estabilidade e de tração; Keyless, alarme que traz controle remoto; Park Pilot; sete airbags; ar-condicionado digital com duas zonas; bancos dianteiros com apoio de lombar e adereços GTI; bloqueio eletrônico do diferencial; coluna de direção com ajuste de altura e profundidade; espelhos retrovisores externos rebatíveis e com aquecimento; rodas de liga leve aro 17 com pneus 225/45 R17; sistema “Start-Stop” com recuperação de energia de frenagem e transmissão automática DSG com seis velocidades.
Opcionais
O comprador pode optar pelo teto solar panorâmico por R$ 4.618;
Pacote Elegance traz, por R$ 17.606: ACC – controle automático de distância e velocidade com limitador de velocidade “Speed Limiter” e função “Stop & Go”; FLA – Assistente de luz para farol alto; Front Assist e City Emergency Brake – monitoramento frontal e freio de emergência automático para trânsito; Kessy – sistema de acesso ao veículo sem o uso da chave e botão para partida do motor
“Mode” – modo de condução (Normal/Sport/Eco/Individual); faróis bixenônio com luz de condução diurna em LED, regulagem dinâmica de altura e luz de conversão dinâmica; sistema infotainment Discover Media com tela de 6,5 pol., Bluetooth, sensor de aproximação, navegação e App-Connect.
Pacote Premium, por R$ 30.182: tem todos os acessórios acima, mais: Park Assist 2.0 – assistente de estacionamento automático;
Pro-Active – sistema de proteção proativa dos ocupantes; câmera para manobras em marcha à ré com acionamento automático
detector de fadiga; sistema de som Fender; sistema infotainment Discover Pro com tela de 8 pol.
Pacote Sport, por R$ 5.711: ajuste elétrico de altura do banco do motorista; ajuste elétrico do apoio lombar do banco do motorista; revestimento dos bancos em couro Vienna Black (Preto); rodas de liga leve aro 18 pol. Austin com pneus 225/40 R18 e sem gaveta sob o banco do motorista.
O novo Golf pode chega em 2018
Alguns veículos de comunicação já informaram sobre o flagra do novo modelo, que ganhará retoques na dianteira e na traseira. O interior também receberá alterações. Em relação ao motor, não existirá mais a versão 1.6 aspirada, tornando o hatch configurável apenas com propulsores sobrealimentados — 1.0 TSI, 1.4 TSI e 2.0 TSI.
Vale a compra?
Particularmente, eu não pagaria. Pelo valor de R$ 30.182 do Pacote Premium do GTI, dá para adquirir um Renault Kwid Life 0km, que custa R$ 29.990. Claro, são dois mundos opostos. Dadas as circunstâncias, fica evidente que a Volkswagen cobra alto pela dirigibilidade, um dos seus pontos fortes.
Com todos os opcionais, o valor beira os R$ 175 mil. Agora, pense que com esse valor, um Volvo V40 R-Design pode ser seu e que, além de mais potente e visual moderno, é superior em tecnologia, como, por exemplo, a condução semiautônoma. Outra opção é o MINI John Cooper Works pela mesma faixa de preço e que anda mais do que os dois. Em suma, é aquela coisa, você é fidelizado a Volkswagen? Depende da sua resposta.
Ficha técnica — VW Golf GTI, R$ 168.589
Motor: 1.984 cc, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, gasolina e injeção direta e indireta;
Potência: 220 cavalos;
Torque: 35,7 kgf.m a 1.500 rpm;
Aceleração até 100 km/h: 6,5 segundos;
Velocidade máxima: 237 km/h;
Câmbio: automático de dupla embreagem de 6 marchas;
Consumo: 10,5 km/l na cidade e 15,4 km/l na estrada;
Direção: elétrica progressiva;
Suspensão: independente, McPherson na dianteira e multibraço com barra estabilizadora atrás;
Freios: discos ventilados na frente e sólidos atrás;
Pneus: 225/45 R17;
Tração: dianteira;
Comprimento: 4268 mm;
Largura: 2027 mm;
Altura: 1456 mm;
Entre os eixos: 2631 mm;
Tanque: 50 litros;
Peso: 1.317 kg;
Porta-malas: 338 litros
