Hoje saberemos quem será o vencedor da América do Sul. River Plate e Tigres travaram no Universitarios de Monterrey, o vulcão amarelo, um belíssimo duelo tático, que demonstrou muita inteligência dos treinadores.
No jogo da ida, os donos da casa usaram a mesma formação do duelo frente ao Internacional. Jogando no 4-4-2, a equipe mexicana sofreu no início da partida com a marcação adiantada dos argentinos e apostou em jogadas de ligação, sempre buscando Gignac. O francês, grande esperança desse time, foi anulado por Maidana — em minha concepção o melhor desse duelo — e teve uma atuação discreta.
Quando os homens de frente estão apagados na partida, um dos motivos pode ser decorrência do sistema de marcação do adversário. No caso, os dois esquemas eram muito bem montados, e por consequência do desempenho ruim dos homens de frente, as duas duplas de volantes se sobressaíram. No caso do Tigres, Pizarro afundava ao centro, abrindo os zagueiros; posicionava-se na entrada da intermediária ofensiva, bem afastado da segunda linha de marcação argentina para ser opção de retorno ao reinício da construção ofensiva e na saída de bola; apresentava movimentação inteligente para ser linha de passe ao zagueiro portador da bola, e é em função disso que é o melhor passador da equipe mexicana. Já Arévalo Ríos, quiçá o melhor pelo lado mandante no último confronto, procurava constantemente o jogo entre linhas e ataque aos espaços vazios, se infiltrando para ser opção de conclusão na grande área e chegando aos rebotes ofensivos, como fez contra o Internacional.
Do outro lado, o River Plate. Considero levemente favorito por alguns motivos: primeiramente, porque é o sul-americano da final e, portanto, tem grandes influências a seu favor, desde as mais supersticiosas às que contam com uma mãozinha do juiz; segundo, o fator “casa” contribui bastante nessa decisão; e por fim, pela postura adotada no jogo da ida. O River começou bem agitado sufocando o adversário com sua marcação. Ao longo da partida, com a entrada de Martínez no segundo tempo, sua configuração tática, que era o 4-4-2, passou a ficar espelhada com o sistema definido por Ferretti — em linhas de 4-4-1-1. Assim, os Millionarios diminuíram um pouco seu ritmo e passaram a administrar o resultado do confronto — o empate sem gols parecia de bom tamanho para decidir no Monumental.
Taticamente, o River me agradou mais. Mostrou ser mais inteligente e forte coletivamente. Quanto ao Tigres, também tem muita perspicácia; mas além disso, possui mais atletas que podem decidir individualmente como é o caso de Sóbis, Gignac, Aquino — que volta para essa finalíssima — e até Pizzarro.
Esperamos que na noite de hoje possamos assistir a um duelo emocionante, com forte marcação e com todas as tradicionais cenas que uma Libertadores nos proporciona, mesmo tendo apenas um sul-americano na final.
No entanto, só a técnica não bastará para erguer a taça. Conquistará a América a equipe mais inteligente.