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Maio mostrou boas vendas: 225.685 unidades de veículos leves e pesados, crescimento de 8,2% sobre abril. Também no acumulado dos cinco primeiros meses, resultados positivos: 929,1 mil unidades, 6,1% acima do mesmo período de 2024. Arcélio dos Santos Júnior, presidente da Fenabrave, mostrou cautela com o resultado. Ele apontou dados positivos como o crescimento do PIB puxado pelo agronegócio e uma desaceleração da inflação, embora ainda fora da meta na base anual.
“Contudo, a elevação da taxa Selic para 14,75% ao ano, maior nível em quase duas décadas, assim como a recém-anunciada elevação do IOF devem impactar negativamente e encarecer o crédito ao consumidor. Estamos preocupados com os resultados dos próximos meses que podem comprometer as nossas projeções ao longo deste ano”, destacou.
Houve também mudanças nas vendas de automóveis e veículos comerciais leves híbridos e elétricos. No acumulado até maio foram 91.273 unidades, avanço de 42,9%. Mas, enquanto híbridos cresceram 75,1%, elétricos caíram 5,1%. Este cenário para os elétricos pode piorar até o final do ano. Preços ainda altos e insegurança de recarga em viagens mais longas explicam o recuo.
・ Cúpula Mobilidade mostra desafios que continuam sem grandes avanços
Organizada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Summit, em sua oitava edição mostrou que os caminhos para avanços da indústria automobilística brasileira dentro do tema geral de mobilidade são amplamente conhecidos, mas boa parte continua emperrada ou dependente de decisões lentas do governo.
Bem interessante foi o debate sobre perspectivas. Rogélio Golfarb, ex-vice-presidente da Ford América do Sul e atual consultor e conselheiro sênior de empresas, destacou que desde o recorde de vendas em 2012 de 3,8 milhões de unidades chegamos a 2025 ainda bem longe de igualar aqueles números. “Há uma tempestade perfeita: a previsão para 2025 de cerca de 2,8 milhões de unidades está 26% abaixo do pico de 13 anos atrás. A carga fiscal continua muito elevada, assim como a taxa básica de juros e a inflação acima do teto da meta”, explica.
Para ele, o Programa Mover e o chamado IPI verde são eficazes, mas não resolvem tudo. “Apesar do aumento da oferta de marcas e novos modelos, em especial da China, as opções que vão desde híbridos básicos, plenos e plugáveis até os elétricos, reduzem a escala de produção. Sem crescimento mais firme da economia brasileira fica difícil. Soma-se a isso a baixa competividade em um mundo com capacidade ociosa e sobra de veículos.”
Mauro Correia, da HPE, comentou a falta de uma política industrial. Danilo Rodil, da GAC, destacou o alto investimento da marca no Brasil e, além de importar, fabricará aqui dois ou três carros já em 2026. Ricardo Bastos, da GWM, apontou que o fortalecimento da indústria passa pela escala de produção, previsibilidade, diminuição dos impostos e tecnologia.
Em outro painel se abordou a transição energética que, no Brasil, encontra mais de uma solução. Para Gastón Pérez, presidente da Bosch América Latina, não existe uma solução geral que moverá o mundo todo e aqui o biocombustível é uma possibilidade muito interessante, além dos híbridos plugáveis flex.
Na palestra magna, Henry Joseph Jr, diretor de Sustentabilidade e de Parcerias Estratégicas e Institucionais da Anfavea, chamou atenção para a frota brasileira: 42% têm mais 10 anos de fabricação e produzidos sob legislações menos restritas em emissões. No entanto, até abril deste ano, 10% das vendas de veículos leves eram de modelos híbridos e elétricos.
Projeções para 2040, ainda sem grande precisão, apontam que entre 40% e 55% das vendas poderão ser elétricos, 20%, híbridos, entre 10% e 22%, híbridos básicos, entre 9% e 14%, motores a combustão e 4% a 6% híbridos plugáveis. Em relação à frota, em 2040, de 36% a 40% serão de veículos com motor flex e apenas de 9% a 12% de elétricos.
Joseph Jr, todavia, apontou o grande desafio para alcançar as previsões: 545 a 745 mil pontos adicionais de recarga de elétricos para manter a proporção de um carregador para 10 veículos em circulação, média atual na Europa. Investimento de mais de R$ 14 bi, até 2040, embora sem certeza de que ocorrerá.