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O aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado pelo Governo Federal, acende um alerta no setor automotivo brasileiro. A elevação da alíquota em financiamentos preocupa montadoras, concessionárias e consumidores, num momento em que o mercado ainda busca recuperação após os efeitos da pandemia e das altas taxas de juros.
A medida, que tem como objetivo ampliar a arrecadação federal e compensar perdas fiscais decorrentes de renúncias previstas na reforma tributária, afetará diretamente operações de crédito, como os financiamentos de veículos, forma pela qual cerca de 70% dos brasileiros adquirem carros, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Com o novo reajuste, a alíquota do IOF passará de 0,38% para 3,5%. Isso pode parecer pequeno, mas no acumulado de um financiamento de 36 ou 48 meses, o impacto no valor final do veículo pode ultrapassar mil reais. Para carros de entrada e modelos populares, essa diferença é ainda mais sentida no bolso do consumidor.
A preocupação do setor não se limita à queda na demanda. Um desaquecimento nas vendas pode impactar a produção nas montadoras, o que resultaria em cortes de turnos, férias coletivas e até demissões. A cadeia produtiva do setor automotivo — que envolve fornecedores de peças, logística, concessionárias e serviços — também pode sentir os efeitos colaterais.
“As concessionárias já operam com margens apertadas. Um novo obstáculo para o fechamento de vendas significa estoque parado e menos giro de caixa”, analisa a economista Isabelle Figueiredo.
O aumento do IOF vem em um momento em que o crédito já está mais restrito no país. Apesar da tendência de queda na taxa Selic, o custo do crédito ainda é alto, e os bancos têm critérios mais rígidos de aprovação.
Com isso, especialistas preveem uma retração no volume de financiamentos no segundo semestre de 2025, o que pode levar consumidores a adiar a compra do carro novo ou recorrer ao mercado de usados, que também sofre impactos, ainda que em menor escala.
Diante do cenário, representantes do setor já articulam junto ao Ministério da Fazenda alternativas para suavizar os impactos do aumento do IOF, como incentivos pontuais à indústria ou políticas específicas de crédito facilitado.