Bem equipado, com excelente acabamento e vasta lista de itens de série, Hyundai Creta é boa escolha no segmento de SUVs
O segmento de SUVs responde por boa parte do mercado de carros no Brasil. De acordo com números da Fenabrave, a categoria somou 53.438 unidades vendidas em julho, quase três vezes mais que o número de veículos de entrada emplacados no mesmo período. E um dos ocupantes do topo desse ranking é o Hyundai Creta.
O modelo mudou de cara no ano passado. A princípio, dúvidas. Afinal, o visual diferentão poderia não agradar o perfil conservador do brasileiro. Mas o fato é que o Creta deu certo. Já agradou por oferecer a opção de motorização 1.0 turbo. A lista recheada de itens foi outro ponto crucial. E é justamente para falar sobre essa variante mais recheada que decidimos avaliar a versão topo de linha, Ultimate, do SUV. Mas é justamente a mais completa que deixa o motor menor de lado, diga-se.
O SUV na versão Ultimate custa R$ 167.390 e não é barato frente as configurações topo de linha dos principais rivais diretos. Porém, oferece boa dose de conforto na convivência diária.
Bem completo, tem tela central 10,25″, entretanto, o equipamento tem seus méritos e deméritos. É bem posicionada, colorida. Mas tem delay (retardo em executar determinada função) e gráficos muito simples. Lembra aquelas telas de alguns carros chineses. Mas tem recursos de sobra, como, por exemplo, navegação nativa. Espelhamento Apple CarPlay e Android Auto, apenas via cabo.
Mais recheio
Fora isso, traz ar-condicionado automático digital com saídas traseiras, teto solar panorâmico elétrico, controles de tração e de estabilidade, air bags frontais, laterais e de cortina, além de detector de fadiga, volante com regulagem de altura e profundidade.
Bancos revestidos com couro sintético, chave presencial, carregador de smartphone wireless, rodas de liga-leve com 18 polegadas, computador de bordo, direção elétrica progressiva e conexão USB traseira também estão no pacote.
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Nas extremidades dos retrovisores externos, câmeras dão suporte quando a seta é acionada. Pouco prático, mas vale pela novidade. Ademais, tem assistente de permanência em faixa (volante corrige trajetória), detector de fadiga e controlador de velocidade adaptativo com frenagem automática. Na hora de estacionar, sensores dianteiro e traseiro ajudam na missão.
Acabamento de primeira
E mesmo com tudo isso, o Hyundai Creta não deixa a desejar quando o papo pende para o lado do acabamento. O cuidado com os materiais e encaixes é digno de aplausos, afinal, tem modelo da categoria pecando tanto no quesito simplicidade como em textura.
Na cabine, apesar do painel cheio de plástico duro, a cabine tem materiais como couro sintético, piano black e relevos em tom alumínio. A cor marrom presente no volante e em outros componentes dá um ar mais “tiozão”, mas nada que comprometa o conjunto.
E já que falamos do habitáculo, cabe dizer que o painel de instrumentos tem tela digital (de 7″) configurável ao centro. Nas laterais, entretanto, os marcadores de combustível, de temperatura do motor e conta-giros ainda seguem analógicos.
Comandos por App
Por fim, cabe destacar o sistema de conectividade Bluelink, que permite acesso à várias configurações do carro pelo smartphone. E, a princípio, a Hyundai estendeu o período de degustação gratuita do sistema de seis meses para 3 anos. Esse período é, portanto, válido a partir da data de compra do carro. De acordo com a fabricante, isso se aplica de forma retroativa a todos os clientes que compraram veículos equipados com a tecnologia.
O espaço, construído dentro de 2,61 metros de entre-eixos, acomoda bem cinco ocupantes. Bem como o porta-malas, que tem razoáveis 422 litros de capacidade de carga. Para a categoria, tá bom.
Performance
Pulando para a performance, o motor 2.0 16V aspirado foi mexido pela engenharia da Hyundai e, agora, gera 167 cv de potência máxima (1 cv a mais que antes) e 20,6 kgfm de torque máximo. Entregues às 4.700 rotações, deixa um pouco o vigor de lado durante retomadas ou ladeiras muito íngremes. Mas isso é culpa, também, do câmbio automático de 6 marchas, que acaba dando uma segurada no desempenho.
Com o pé embaixo, acaba demorando para responder, diminui algumas marchas e, ao mesmo tempo, joga a rotação lá em cima. Contudo, quando embala e em condições normais de tráfego, as trocas são lineares, não têm trancos e prezam pelo conforto a bordo.
Em síntese, o Hyundai Creta Ultimate tem comportamento pacato, direção leve (ideal para manobras) e boa posição para o motorista (banco tem regulagem de altura manual e ventilação).
Ainda em mecânica, a suspensão também merece elogios. Não bate seco, não tem barulhos desnecessários e absorve bem as imperfeições do solo.
E o consumo?
Agora, a pergunta que não quer calar: “Bebe muito?”. De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Inmetro, o Creta Ultimate faz média entre 7,7 km/l (cidade/etanol) a 12,5 km/l (estrada/gasolina). Entretanto, na prática, nossa melhor média em consumo combinado foi de 11 km/l com etanol no tanque. Nada mau para um carro de 1.300 kg.
Mas verdade seja dita, embora os motores 2.0 estejam em desuso, no Creta não ficou devendo tanto ao 1.0 turbo, não. Apesar da fama de consumo baixo, do bom desempenho e da melhor eficiência, o propulsor de menor cilindrada marca médias de, respectivamente, 8,2 km/l e 12,2 km/l, conforme dados do PBE. Desse modo, pode beber até mais, dependendo do ambiente.
Ficha técnica – Hyundai Creta Ultimate
Preço: R$ 167.390
Motor: Smartstream 2.0 16V DOHC D-CVVT Flex
Potência (cv): 167 (e)/157 (g) a 6.200 rpm
Torque (kgfm): 20,6 (e)/19,2 (g) a 4.700 rpm
Câmbio: Automático de 6 velocidades
Suspensão dianteira: Independente tipo McPherson com barra estabilizadora
Suspensão traseira: Eixo de torsão
Pneus/rodas: 215 / 55 R18
Comprimento: 4,30 metros
Largura: 1,79 metro
Altura: 1,64 metro
Entre-eixos: 2,61 metros
0 a 100 km/h: 9,3 segundos
Velocidade máxima: 190 km/h