No mercado desde fevereiro de 2016, a Fiat Toro nunca teve um concorrente à altura. Para se ter ideia, enquanto chega a quase 5.200 unidades vendidas por mês, sua única rival, a Renault Oroch, mal passa dos 500 emplacamentos no mesmo período, conforme apontam os dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Mas, mesmo com tanto sucesso, já era hora de mudar. Nesse sentido, para a linha 2022, o modelo adotou sutis mudanças visuais e nova motorização turbo.
Por R$ 148.979 (preço praticado em São Paulo, onde o ICMS é mais alto), a versão Freedom da Toro preserva pontos fortes como espaço e ergonomia. No entanto, sua principal novidade está debaixo do capô: o motor 1.3 turbo Flex T270, que deu novo fôlego à picape.
Entre os principais pontos, o motor se apresenta em bloco feito de alumínio e quatro válvulas por cilindro. A Fiat Toro tem, ainda, coletor de escapamento integrado ao cabeçote e injeção direta de combustível. O modo Sport, em síntese, muda o comportamento do motor. Nada tão gritante, na prática, mas a picape, de fato, fica um pouco mais firme.
Na comparação com o motor anterior (1.8 flex E.torQ), a Toro rende 46 cv extras. Em números, são 185 cv e 27,5 kgfm de torque máximo. Este último também melhorou. São 8,2 kg a mais e a entrega é mais cedo, aos 1.750 rpm.
Prática
Ao volante, a picape da Fiat tem bom fôlego, agilidade, mas não espere tanto vigor quando a situação for extrema – em ladeiras, por exemplo. Entretanto, vale destaque para as trocas do câmbio automático de seis velocidades, que são extremamente suaves e precisas. Nada de trancos ou incômodos durante a condução. E tem aletas atrás do volante (multifuncional) para trocas sequenciais.
Outro ponto a ressaltar é o silêncio. O isolamento acústico é excelente. Isso é mérito, em partes, da manta acústica sob a tampa dianteira, que não deixa o barulho emitido pelo trabalho do motor incomodar os cinco ocupantes.
Ergonomia x espaço
Por falar em ocupantes, para o motorista, a vida é facilitada por meio de ajustes por todos os lados e comandos ao alcance das mãos. Tem regulagem de altura para o banco, altura e profundidade para o volante e um ótimo trabalho de suspensões que evitam picos de estresse durante a viagem. Entretanto, quem vai atrás sofre um pouco. O banco traseiro é um pouco alto e, para quem tem mais de 1,70 metro de altura, raspar a cabeça no teto é praxe.
O espação para bagagem acomoda quase 940 litros. O porém é que – se não estiver cheio – tudo vai solto por ali. Bem longe da comodidade de um porta-malas.
Consumo aquém do esperado
Se por um lado, o conjunto mecânico renovou o fôlego da Toro, por outro, alguns deméritos permanecem. Estamos falando, propriamente, do consumo. Durante nosso teste, os números estacionaram em 6,5 km/l (consumo misto, com etanol no tanque). Uma falha. Afinal, esse é o mesmo consumo que crava o esportivo Mustang Mach 1, por exemplo.
Em relação ao preço, nesse sentido, o comprador tem a vantagem de adquirir um modelo completo. Sem opcionais, o único valor cobrado à parte é a cor da carroceria, que oscila entre R$ 1.550 e R$ 2.583. Apenas o tom vermelho não tem custo.
Completaça, a picape da Fiat vem com capota marítima, retrovisores externos com rebatimento elétrico, rodas de liga leve com 17″ (cobertas por pneus 225/60) e sensor de estacionamento traseiro. No mais, destaque para itens de segurança como controles de estabilidade e de tração, seis air bags e os alertas de limite de velocidade e de manutenção programada. Por fim, tem ar-condicionado digital de duas zonas, iluminação por LEDs, painel de instrumentos digital e central multimídia com tela de 8,4 – são 10,1″ na Volcano (leia avaliação aqui) – com espelhamento Apple CarPlay e Android Auto sem fio.
Tem concorrência chegando por aí
A Renault Oroch pode ter lá suas vantagens em relação à Fiat Toro. O porém fica por conta do visual – que não agrada a todos – e, também, da mecânica. Afinal, o modelo ainda segue com os motores 1.6 ou 2.0 aspirados, enquanto a rival tem opções turbo Flex e diesel no portfólio. Nesse sentido, vale lembrar que a picape da marca francesa conta apenas com opção de câmbio manual. Por ela, são pedidos valores entre R$ 100.700 e R$ 107.000.
Contudo, se você não curte o conjunto oferecido pela Oroch e não está a fim de esperar a próxima geração – que chega em breve -, vale lembrar que o mercado promete várias opções à Toro. Estão na manga, ao menos, três lançamentos para o futuro próximo: Hyundai Santa Cruz, Volkswagen Tarok e Ford Maverick. Está última, inclusive, já está em solo brasileiro para ações de marketing até a chegada às concessionárias.