Land Rover Defender abusa do preço, mas tem eficiência de sobra

A cara dele é de carro-conceito. Incontestavelmente, esbanja modernidade. Mas será que, com tanta mudança em relação a geração anterior, a aptidão off-road do Land Rover Defender ficou de lado? Nada disso! O novo modelo, que chegou ao Brasil no ano passado, vai muito além do visual e traz soluções como bloqueio eletrônico do diferencial e sistema de gerenciamento eletrônico para a tração que, claro, é 4×4. O porém de tantos benefícios é o preço. Exatos R$ 511.950 na versão HSE – sem contar os acessórios que você vê na unidade das fotos.

Com a nova plataforma D7X, o Defender é, de fato, outro carro. Esqueça completamente a versão anterior – que ficou em cena até 2016. Após mais de 70 anos mantendo o perfil rústico, o SUV da Land Rover mudou de fio a pavio. O requinte, incomum até a geração anterior, é notável já do lado de fora. Tem luzes em LED por todos os lados, faróis Matrix com assinatura DRL, teto panorâmico com abertura elétrica e rodas que vão do aro 18 ao 22 (20″ na versão avaliada), entre outras soluções.

O SUV, que é feito na fábrica da Land Rover na Eslováquia, tem nada menos que 5,02 metros de comprimento – já, contando com o estepe que vai pendurado na tampa traseira. A largura é de 2,10 m e o espaço entre-eixos mede 3,02 m na versão 110. Cabe lembrar que a versão 90 ainda não é vendida no Brasil, assim como as motorizações híbrida e diesel, que podem aterrissar por aqui em breve.

Recheio

Pulando para a parte de dentro, destaque para o acabamento impecável, que mistura couro e tecido na medida certa. Até dá para perdoar o uso de plástico na região do volante e os parafusos à mostra, afinal, isso evidencia a origem rústica do modelo. E tem até um freezer dentro do console central.

O painel impressiona. Mescla beleza e funcionalidade na medida certa. Tem iluminação ambiente e duas telas – painel de instrumentos e central multimídia, com 12,3″. Ponto para a facilidade de uso e precisão de toque.

5+2

Os bancos (dianteiros têm regulagem elétrica) ganham pontos tanto em conforto quanto no acolhimento. Isso, aliás, melhora a ergonomia na hora de dirigir. Por falar em bancos, são cinco, porém, o interessado pode incluir uma fileira extra (+ controle de ar-condicionado), por cerca de R$ 15 mil.

Neste caso, além do acesso difícil aos apertados assentos, a capacidade do porta-malas cai de aproximadamente 1.000 litros para 231 litros. Ou seja, é vantagem, apenas, no caso de extrema necessidade – ou sobra de grana.

Mesmo com lista de opcionais tão vasta e conteúdo de série completo, o Defender não tem, por exemplo, carregador por indução. Entretanto, traz soluções como câmeras nos quatro cantos da carroceria (o que facilita o estacionamento do grandalhão), e itens de segurança como assistentes de ponto cego e de manutenção de faixa, controlador de velocidade adaptativo e até suspensão (totalmente independente) a ar.

Ao volante

No quesito desempenho, o SUV da Land Rover também se sai bem. O 2.0 Ingenium a gasolina gera 300 cv a 5.000 rpm. O torque de 40,8 kgfm aparece já aos 1.500 giros. Ainda assim, as cerca de 2,3 toneladas do Defender contribuem para um consumo bastante alto. Entre cidade e estrada, o modelo fez média de 7 km/l durante a avaliação. Não que quem compre um carro desses pense em economia, mas imagine completar 90 litros de tanque com o preço que os postos de abastecimento vêm cobrando pelo derivado do petróleo?

Quem auxilia o trabalho do motor quatro cilindros é o câmbio automático de oito velocidades. As trocas são extremamente suaves. E, vale destacar, não falta fôlego ao SUV que, mesmo com todo esse peso, chega aos 100 km/h em 7,4 segundos – mais rápido que, por exemplo, o Mercedes-Benz GLA, que é bem menor e demora 8,7 segundos. A velocidade máxima, entretanto, é de 191 km/h.

Na cidade e na estrada

No asfalto, o desempenho é excelente. O conjunto de suspensões – que pode ser elevado em 7 centímetros – rende elogios. No dia a dia, mesmo com a ajuda dos sensores de ponto cego nos retrovisores externos, o espelho interno fica comprometido pelos encostos elevados dos bancos traseiros e pelo estepe – que vai pendurado na tampa traseira. Bastante alto (1,97 metro), não é fácil entrar com o Defender em qualquer lugar. Principalmente quando equipado com o bagageiro de teto.

Como vantagens de toda essa altura, destaque para a possibilidade de travessia em trechos alagados de até 90 centímetros. E o carro avisa quando a capacidade máxima está próxima. Isso é mérito do Wade Sensing, que traz sensores localizados nos retrovisores das portas para dar informações gráficas em tempo real sobre a profundidade da água em relação ao veículo.

Na estrada, o silêncio impera. A 120 km/h (limite máximo das estradas brasileiras), o ponteiro do conta-giros belisca os 2.000 rpm. Um adendo: a escada e o bagageiro que podem ser incluídos nas laterais criam resistência e, consequentemente, elevam o nível de ruído.

Opcionais

Na terra, ponto para os ângulos de ataque (38 graus) e saída (40 graus) e a altura em relação ao solo, de até 29 centímetros. Para ajudar, o Terrain Response 2 é capaz de adaptar o veículo a qualquer tipo de terreno. O sistema é automático, mas pode ser controlado pelo motorista. O trabalho pode ser acompanhado pela tela central.

O Adaptive Dynamics, aliás, é um sistema eletrônico que monitora os movimentos do carro 500 vezes por segundo. Ainda como itens dinâmicos, destaque para a caixa de transferência de dupla relação (marchas altas/reduzidas) e o auxílio de saída em aclives. Tem, ainda, direção com assistência elétrica, controles de estabilidade antirrolagem, de tração, de frenagem em curvas e de descida em declives.

Fotos: Vagner Aquino/Portal Carsughi

Como itens extras, o Pacote Explorer – como na unidade avaliada – vem com itens como snorkel, capa de estepe, molduras nas caixas de roda e, para um toque final, adesivo fosco no capô em alusão à versão “110”. Somados, todos os itens – inclusive os supracitados bagageiro lateral, escada, grelha de teto e assentos + ar-condicionado – deixam o Defender cerca de R$ 40 mil mais caro.