No início do papado, os Papas se locomoviam carregados em liteiras para serem vistos e poderem ver as pessoas. Mais tarde, esse modelo evoluiu para as carruagens, até começarem a usar carros. Muitos deles foram da Mercedes, como o Mercedes-Bens Nurburg em 1930 usado por Pio XI.
Ao longo do exercício do papado, o Papa Francisco foi presenteado com vários carros, desde carros de entrada até carros de alto luxo e esportivos. Mas nem todos se tornaram um Papamóvel.
A história dos veículos papais começa em 1909, quando Pio X foi presenteado pelo arcebispo de Nova York, John Murphy Farley com um Itala 20/30. No entanto o Papa nunca o usou, nem tampouco seu sucessor, o Papa Bento XV. Foi com Pio XI, fã de automobilismo que essa história mudou. Abriu-se então, uma enorme competição entre as montadoras para presentearem o Papa, que ganhou um Bianchi Tipo 15 da Associação da Mulheres Católicas da Arquidiocese de Milão e a própria Bianchi o presenteou com uma Tipo 20. O preferido dele era um Graham-Paige 837, que foi usado para a primeira viagem Papal fora do Vaticano e foi o primeiro deles a ser pintado de preto.
Em 1960, o Papa João XXIII usou o primeiro carro que podia ser aberto, um Mercedes-Benz 300D, para que ele tivesse mais contato com os fiéis, usando a abertura total das janelas e do teto para tal.
A história dos carros abertos mudou quando no dia 13 de maio de 1981, pouco depois das 17h locais, o papa João Paulo foi atingido por dois tiros disparados com uma pistola nove milímetros pelo estudante turco Mehmet Ali Agca, então com 23 anos. Isso ocorreu na Praça de São Pedro, no próprio Vaticano. Depois disso, os carros passaram a receber forte blindagem, mesmo mantendo a cápsula de vidro por onde ele é visto.
No seu aniversário de 83 anos, Papa Francisco ganhou em 2019 da Renault, um Dacia Duster 4×4 (o mesmo Duster que temos aqui, porém na Europa é fabricado pela subsidiária romena da Renault e é vendido como Dacia). O carro é branco e equipado especificamente atendendo aos requisitos do Vaticano. Ele tem interior bege com configuração para cinco passageiros, é blindado, além de ter teto-solar estendido e cápsula de vidro removível sobre o teto com altura reduzida em 30mm para facilitar seu acesso.
Além desse carro, o Papa que apoia as inovações tecnológicas, (vide sua publicação de junho de 2015 da encíclica “Laudato sì” que é voltada para a tutela do meio ambiente e mudanças climáticas), recebeu um Nissan Leaf, doado por um fundo de investimentos alemão, o Wermuth Asset Management, em conjunto com a plataforma italiana para gestão de mobilidade elétrica DriWE. O carro, 100% elétrico, tem painel fotovoltaico para manter o habitáculo refrigerado enquanto está parado e é utilizado para seus deslocamentos de rotina.
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O CEO da DriWe, Luca Secco diz: “Estamos honrados de poder ter contribuído com essa brilhante iniciativa, à qual poderia seguir para uma conversão elétrica de toda a frota do carros da Santa Sede”. Essa ideia vai de encontro à visão do Papa Francisco de usar energia limpa, visto que ele dispense atenção particular ao assunto, tendo decidido instalar no teto da Sala das Audiências, 2.400 módulos fotovoltaicos.
A conferência episcopal japonesa doou ao Papa Francisco um Toyota Mirai, o carro da marca alimentado por hidrogênio. Esse carro foi um dos que o Papa em 2019 usou em sua viagem ao Japão e foi entregue como presente em sua residência na Cidade do Vaticano. Nesse evento, estiveram presentes o embaixador do Japão junto à Santa Sede, um representante da Conferência Episcopal e uma delegação de seis executivos da Toyota. O Toyota Mirai em 2,7 metros de comprimento e é alimentado por células de hidrogênio, oferecendo uma autonomia de aproximadamente 500 km.
Além desse carros tecnológicos, o Papa Francisco também ganhou uma Lamborghini Huracán, branca, decorada com filetes amarelos, como as cores do Vaticano. Se engana quem pensou que esse poderia ser mais um papamóvel. Na verdade, a doação foi feita para angariar fundos para ações de caridade. De fato, o carro foi a leilão pela Sotheby’s em Mônaco e foi vendido por 715 mil euro, ou aproximadamente R$ 3 milhões, que foram imediatamente doados para a caridade e o comprador ganhou um autógrafo no painel do Papa Francisco.
Entre as ações que foram beneficiadas com esse leilão, está a Comunidade Papa Giovanni XXIII, dedicado às mulheres vítimas de tráfego para prostituição , além de algumas associações italianas voltadas para atividades na África responsáveis por acolher e socorrer mulheres e crianças carentes.
De um modo geral, os carros que o Papa Francisco usa são sempre carros simples. Em visita aos Estados Unidos, em 2017, ele viajou a bordo de um Fiat 500L, doado pela então FCA e depois também leiloado por cerca de 300 mil dólares. No Rio de Janeiro ele usou um Fiat Idea. Além desses, ele também já usou um Toyota Yaris híbrido pelas ruas de Roma.
A história dos papamóveis é muito complexa e interessante. O que mais chama a atenção é que ela acompanha o rumo tecnológico das marcas.