A economia brasileira foi fortemente atingida pela pandemia do covid-19, em 2020. Ainda assim a queda do PIB (em torno de 4,5%) ficou em patamar bem menor que o previsto até pelo FMI. Na indústria automobilística não foi diferente. Contra números previstos de até mais de 40% de redução do mercado interno de veículos leves e pesados, o tombo ficou em 26%. Em 2015, mesmo sem pandemia, as vendas já haviam caído nessa mesma magnitude. Nada comparável a 1981, quando as vendas do mercado de automóveis derreteram 40% frente a 1980.
Na produção que inclui os números de exportação, principalmente para a Argentina, a queda atingiu 31%. O total de empregados na indústria sofreu uma contração de 4% (5.000 funcionários a menos). Os estoques nas fábricas e concessionárias caíram para apenas 12 dias (um terço do habitual), o menor em toda a séria histórica da indústria.
Para este ano a Anfavea demonstrou cautela na recuperação das vendas (15%), exportações (9%) e produção (25%). A Fenabrave também projetou os mesmo 15% de avanço na comercialização, uma coincidência que não é tão comum. Nesse ritmo a volta aos níveis de 2019 (ano sem efeito da pandemia) só ocorreria em 2023. Para complicar ainda há o desastrado aumento do ICMS no Estado de São Paulo, tanto para veículos novos quanto para usados. Deverá impactar as vendas, embora ainda não seja possível avaliar os estragos.
Por outro lado, apesar dos percalços políticos em Brasília, a economia brasileira crescerá este ano no mínimo 3,5% até por uma base comparativa baixa em relação a 2020. A vacinação de parte da população deve ajudar como reação positiva. O dinheiro retido no ano passado pelo cancelamento de viagens e outros gastos entre os que podem comprar automóveis, deve ser aplicado para este fim.
Então, há um potencial de voltar aos números de 2019 já em 2021, o que significaria um incremento nas vendas em torno de 35%. Otimismo exagerado? É o que vamos conferir em 31 de dezembro deste ano.
____________________________________________________________