O primeiro texto do novo quadro “Tira-Teima” do Canal Carsughi tem um significado e gosto especiais para este que vos escreve: vivenciar o popular ditado “bom filho à casa retorna”. Engenheiro mecânico apaixonado por motores de combustão interna, decidi logo após a conclusão do curso direcionar a carreira ao mundo executivo e surfar nas ondas de gestão empresarial. Entretanto, o cheiro de gasolina nunca me abandonou. Após 28 anos resolvi voltar a surfar na onda que sempre fez meu coração bater acelerado e virar um “gearhead old school” que se orgulha de ter tido a coragem de dividir o mesmo espaço que meu querido pai (morrendo de medo de ser comparado a ele…).
Ao longo dos anos assisti a muitos modismos e movimentos interessantes, desde os primórdios das corridas de Turismo 5.000 e Speed 1600 em Interlagos. Em todos esses, sempre fui muito crítico a tudo que adiciona custo sem uma importante contrapartida de valor em qualquer criação da engenharia e nos projetos que povoam os sonhos de todo gearhead. A ideia aqui é mostrar que com um pouco de conhecimento técnico e muita pesquisa (ainda bem que hoje temos o São Google) é perfeitamente possível se alcançarem resultados bacanas – ao mesmo tempo que tomamos a “liberdade poética” de descontruir com uma boa pitada de humor alguns mitos que se criam no mercado e que vão na contramão de nossas crenças de se usar sabiamente os suados recursos financeiros nesse delicioso hobbie que são os carros. O primeiro deles são os escapes de inox polidos…
Feito este “disclaimer”, vamos ao que importa!
Para iniciar nosso quadro, compramos um Fiat 500 2009 polonês, 1.400cc, 16v no qual já havia uma base de um projeto interessante: molas Eibach, amortecedores preparados, turbina rodando com 0,5kg de pressão, injeção Pandoo rodando no álcool, escape de inox de 2 polegadas com apenas um abafador intermediário com interior em lã, rodas 17 e pneus perfil baixo. Esse 500 amarelo é o que podemos chamar de Abarth “genérico”. Com esse setup fizemos uma primeira passagem no dino e tiramos 153hp de roda (uns 180hp de motor) e 20 kgfm de torque. Este então é o nosso baseline daqui para a frente.
O primeiro ponto que decidimos mudar foi o som do escapamento de saída dupla, pois o achamos muito agudo. O sonho de consumo era produzir algo próximo àquele gerado pelo Akrapovic ou pelo Record Monza ou Bombardone (ambos da Marelli). Entretanto, estes custam algo como 950 Euro na Europa e aqui já vi por R$ 12 mil. Para um carro que custou R$ 34 mil, impraticável.
Descobrimos então a RR Abafadores do Rafael Rubio. Rapaz inteligente, apaixonado por carros e que já gastou muito dinheiro com abafadores esportivos sem resolver seu problema de ressonância, resolveu ele mesmo desenvolver produtos que não usam a tradicional lã interna para “quebrar” frequências indesejáveis, mas que depois de 6 meses ou 1 ano perdem a eficiência pois a lã estraga com a temperatura dos gases de exaustão.
O Rafael estudou outros métodos mecânicos para “cancelamento” de frequências que segundo ele geram um bom resultado. Vide o Camry V6 que ele possui e que tem um ronco delicioso com os abafadores esportivos que ele projetou e produz. Como ele mesmo diz: barulho todo abafador faz, mas música para os ouvidos do cliente só os da RR… Claro que ele faz marketing disso, mas tá valendo.
Testamos 3 produtos diferentes que ele mesmo projetou: dois para cancelar graves (com defletores metálicos) e um para cancelar agudos (com câmara de baixa pressão sem lã). No vídeo explicamos os princípios de funcionamento dos três. Vale a pena assistir com atenção se você é um gearhead “chato” como eu que gosta de saber o porquê das coisas.
E o resultado?
Pessoalmente gostei do som gerado e da impressionante relação custo x benefício dos abafadores esportivos da RR Performance. Com R$ 600 reais mudei o som do 500 e o deixei bem próximo do que queria. Entretanto, sabemos e fazemos questão de deixar claro que não é um Akrapovic nem um Marelli, mas ficou excelente para quem não tem um orçamento ilimitado para investir no seu hobbie. E este será o fio condutor de todas as modificações que faremos e que publicaremos aqui: custo x benefício, sem juízo de valor. Entendemos tanto aqueles que preferem ser “originais” e ter um legítimo da Abarth como quem prefere gastar menos e investir em outras partes do carro.
Veja o vídeo no início do post (que ficou meio comprido por ser o primeiro) e nos diga o que achou. Queremos fazer conteúdos que sejam relevantes e gerem interesse em apaixonados como nós que possuem uma pegada mais técnica.
Para conhecer mais sobre os produtos da RR, visite www.rrperformanceparts.com.br. Lá tem também o vídeo do Camry do Rafael para vocês curtirem.