Marta fez o que nenhum homem conseguiu: foi reconhecida seis vezes como melhor atleta do mundo. Ela conquista um gigantesco destaque em um espaço que é absolutamente dominado pela figura masculina.
O sonho de Marta é de que um dia as meninas sejam tão reconhecidas quanto Neymar. Para isso, é preciso alto investimento na modalidade, alinhado a divulgação e apoio — três aspectos que são praticamente inimagináveis —, mas isso é visto com uma impossibilidade justamente porque o futebol é um esporte machista.
O fato de Marta ser Rainha não se relaciona apenas devido à sua imagem ser ligada à de Pelé. Ela fez mais do que o “Rei”, dentro e fora de campo. Ela se tornou, há três anos, a maior artilheira, entre homens e mulheres, da história da Seleção Brasileira. E mais: todos os dias luta para superar tabus enraizados na sociedade como qualquer tipo de preconceito, especialmente o que diz respeito ao fato de ser mulher, e que, apenas por isso, “não pode jogar futebol”.
Marta Vieira da Silva nasceu em Dois Riachos, no interior de Alagoas, em 1986. Passou por todas as privações das crianças pobres do sertão alagoano. Como era boa de bola, encontrou nas peladas de rua e nos campeonatos da escola a esperança. Foi a única mulher em diversos times masculinos.
O início de qualquer mulher no esporte é complicado. As portas são menores, visto que não há apoio na modalidade. A chance de sucesso é quase nula, o que torna o futebol feminino um caminho praticamente incerto.
Mas Marta, quando sobe ao púlpito para receber o prêmio de melhor atleta do planeta, gravando ainda mais forte seu nome na história, faz com que nos curvemos a ela e mostra que o futebol feminino, especialmente no Brasil, precisa ser cada vez mais apoiado.