Os SUV conquistaram definidamente o mercado no mundo todo e agora algumas picapes querem imitá-los mas sem, para isso, renunciar à sua tradicional robustez e à possibilidade de levar muita carga na caçamba.
Exemplo perfeito desta tendência, que acredito seja absolutamente irreversível, é a Nissan Frontier que, até o início da caçamba, parece mesmo um moderno SUV, tanto no aspecto externo como no interior. E isto representa um formidável argumento de venda sobretudo quando o proprietário busca aliar às qualidades de um SUV a possibilidade de transportar coisas. Como, por exemplo, pode ocorrer com o dono de um sítio ou fazenda que seja.
Rodando com a Frontier se apresentam duas situações diametralmente opostas: com carga na caçamba ou vazia. Com carga a suspensão “assenta” e torna o rodar razoavelmente macio, enquanto vazio, tão logo o asfalto apresente irregularidades (como, por exemplo, ocorre em muitas ruas de São Paulo) ela “pula” bastante, o que é absolutamente lógico e esperado.
Dito isto, é conseqüente a noção de “conforto” depender do tipo de utilização da Frontier, como verificamos ao longo de nosso teste urbano e rodoviário. E, quanto ao consumo, com caçamba vazia, obtivemos a marca de 13,3 km/l em rodovia (respeitando rigorosamente os limites de velocidade) e de 10,1 km/l na cidade. São marcas corretas que tornam (em relação ao gasto com combustível) a utilização da Frontier mais barata do que ocorre com um SUV de motor a gasolina.
Destaque-se o bom acabamento interno, que não fica nada a dever a SUV nenhum (sobretudo na versão de tope, denominada LE) e os quase 30 cm (são exatos 292 mm) de distância livre ao solo. Isto permite ignorar buracos e irregularidades do piso, ao mesmo tempo em que fornece a sensação de “subir” e “descer” do carro ao entrar e sair dele.
Naturalmente a posição de dirigir é alta, e isto, além de agradar a muita gente, provoca um curioso fenômeno em que o motorista acaba muitas vezes “dominando” o trânsito. E, levando em consideração o tamanho da Frontier (são 5,250 m de comprimento e 1,855 m de largura), não é raro o caso em que outros motoristas, mesmo tendo direito de procedência (como numa rotunda, por exemplo) parem para deixar a Frontier passar.
Mecanicamente ela não renega suas origens de picape. Assim, em lugar da estrutura monocoque de um carro, temos um robusto chassis com longarinas de aço com seção em duplo C, com 8 barras transversais, que aguenta qualquer desafio, mesmo em fora-de-estrada. Aliás, a suspensão dianteira tem braço duplo com barra estabilizadora e a traseira (que a Nissan rotula – discutivelmente – de multilink) molas helicoidais e eixo rígido com barra estabilizadora. A utilização de molas helicoidais, por sinal, representa um claro passo à frente rumo à modernidade, em relação a outras picapes ainda equipadas com feixe de molas longitudinais.
O motor é um moderno 2.3 16 válvulas bi-turbo diesel, com injeção direta e intercooler, de 190 cv a 3.750 rpm e ótimo torque de 45,9 kgfm a 2.500 rpm. Isto suporta perfeitamente as quase 2 toneladas do veículo que pode levar mais de 1 tonelada de carga, num total de 3,035 toneladas. São, como se observa, números que devem ser bem avaliados no momento da escolha pois SUV nenhum pode fazer isso.
A tração naturalmente é 4×4, com bloqueio mecânico do diferencial traseiro, a direção tem auxílio hidráulico e o sistema de freios conta com discos ventilados na frente e tambores na traseira, com ABS de 4 canais e 4 sensores com controle eletrônico de distribuição de força. O câmbio é automático sequencial de 7 marchas, as rodas são de liga leve, com 16 polegadas e o diâmetro de giro, em que pesem as dimensões do veículo, é de 12,4 metros.
Não é à toa que ela foi a picape mais premiada no ano passado, inclusive vencendo o “Carsughi- L´Auto Preferita” como melhor picape grande do ano.
A Nissan Frontier 4×4 tem preço a partir de R$ 153.940 reais para a versão de entrada e vai até R$ 169.700 reais na de tope.