A decisão de aumentar para nada menos que 48 o número de seleções que disputarão a Copa do Mundo, a partir da edição de 2026 (provavelmente não estarei vivo para -presencia-la), não me agradou.
Foi a continuação de um plano financeiro que, pouco a pouco, transformou a FIFA, de uma modesta (quanto a dinheiro) instituição sediada na Suiça a uma potência econômica e fonte quase que inexaurível de dinheiro. Um plano iniciado em 1974 por Jean-Marie Faustin Godefroid du Havellange logo após ser eleito, quebrando o reinado de Sir Stanley Rous, e que, do ponto de vista financeiro teve pleno exito. Mas, infelizmente, o dinheiro trouxe consigo a corrupção e o que aconteceu com seus principais dirigentes é coisa tão sabida que nem mesmo merece ser reprisada. Alguns estão presos, outros conseguiram refugiar-se num quase anonimato, outros ainda já morreram e vão acertar contas num outro nível.
Agora o plano do novo presidente da FIFA, o suiço Gianni Infantino, abriu as portas para de certa forma banalizar a Copa do Mundo. Pois até 1978, conseguir classificar-se para a fase final de um mundial, restrito a 16 seleções, era feito a ser comemorado por muitos países.
No novo esquema ha um detalhe que me chama a atenção. Com grupos de 3 seleções, está escancarada a porta para arreglos. Com efeito, se as seleções A e B empatarem o primeiro jogo, depois a seleção C derrotar a A, o jogo final entre B e C presta-se imediatamente a um acordo. Pois com a seleção A tendo apenas 1 ponto, B com 1 e C com 3, B e C podem perfeitamente acertar um empate, que deixa C em primeiro lugar e elimina a seleção A em favor da B que vai somar 2 pontos. Isso, em algumas ocasiões, já aconteceu mesmo com grupos de 4 seleções, mas foi bem mais raro do que poderá acontecer no novo esquema da Copa do Mundo.
Além disso, se, no mesmo exemplo anterior, as seleções B e C derrotarem a A, o jogo final entre elas não terá maior importância, pois ambas entrarão em campo já classificadas.
E aí eu pergunto : qual o interesse que as TVs terão para transmitir este tipo de confronto? Pois uma das razões apresentadas por Infantino para aumentar o número de participantes foi exatamente o maior interesse que o novo formato vai despertar nas TVs e – consequentemente – o maior valor que elas estarão dispostas a pagar à FIFA.
Enfim, quem viver, verá…
Mundial inchado : cuidado !
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