Como aconteceu pouco mais de dois mil anos atrás, quando uma estrela indicou aos 3 Reis Magos o caminho para encontrar o recém nascido Jesus, a estrela da Mercedes está indicando o caminho que este campeonato mundial, iniciado domingo, terá pela frente.
Esperava-se, após os treinos, a vitória de Hamilton, que não aconteceu pois o britânico teve problemas em seu motor e foi logo obrigado a desistir, seguido imediatamente, pelo mesmo motivo, por Vettel, o que tirou da luta dois pilotos que seriam polos de atração. De qualquer forma, e mesmo sendo prejudicado pelo ingresso de uma “safety-car”, foi o outro piloto da Mercedes, Rosberg, a vencer com absoluta superioridade sobre todos os demais. E foi muito interessante a luta pelo segundo lugar entre o ídolo local Ricciardo e o novato dinamarquês Magnussen, demonstrando na primeiro caso que a dupla Red Bull-Renault resolveu seus problemas, e no segundo ratificando a superioridade do motor Mercedes e a qualidade do piloto.
Este pódio de certa forma inesperado foi depois alterado, pela desclassificação de Ricciardo, que passou da euforia às lágrimas, Uma desclassificação obrigatória, pois ele infringiu repetidamente o artigo 5.1.4 do regulamento que impõe não superar um fluxo máximo de gasolina de 100 kg/hora. Mas uma desclassificação oriunda de um regulamento que no mínimo posso definir “imbecil”, pois esta é uma corrida e não um “economy run”.
Com isso a dupla da McLaren (que usa motores Mercedes), formada por Magnussen e Button, compôs o novo pódio, subindo Alonso com sua Ferrari ao 4º lugar (e seu companheiro Raikkonen indo para 7º). Classificações, estas da Ferrari, mostrando claramente que, ao menos por ora, o carro de Maranello é confiável mas não é competitivo, já que a distância de Alonso do vencedor foi superior a meio minuto (e teria sido ainda maior caso que não tivesse entrado em pista a safety-car). Em termos de F1, uma distância enorme.
Dito que a Mercedes ratificou os prognósticos, que a McLaren, com o mesmo motor, está nas primeiras posições e que a Red Bull renasceu (e conhecendo a habilidade e competência do projetista Newey isso era esperado, embora não tão rapidamente), fica a confirmação de que a Williams tem um bom carro.
Foi uma pena o que aconteceu com Massa, aliado da corrida por Kobayashi que, na largada, tocou em Raikkonen e depois centrou em cheio o brasileiro, pois certamente marcaria pontos e talvez chegasse ao pódio, quem sabe à frente de Alonso. A direção de corrida preferiu não punir o japonês, entendendo que ele não teve culpa específica no acidente e foi traído pelo carro, uma justificativa pelo menos discutível.
Assim vimos este GP da Austrália, que deixa um rastro de polêmicas e uma primeira definição das forças em disputa, definição essa que poderá, exceto o domínio dos motores Mercedes, ser alterada nos próximos GPs de acordo com o que os vários departamentos de engenharia conseguirem fazer.