O GP da Malásia foi, como se esperava, uma prova cheia de alternativas e de surpresas e acabou, também como era lógico aguardar, com a perda da liderança por parte de Raikkonen e sua Lotus, superado que foi, na classificação do Mundial, pelo tri-campeão Vettel.
A largada, quando Massa não conseguiu executar o esquema previsto pela Ferrari, dele apertar Vettel e lutar logo pela liderança, acabou provocando a saida da prova de Alonso, que se tocou com Vettel e depois, com o aerofólio dianteiro que quebrou de vez e acabou enfiando-se abaixo do carro, sendo obrigado a desistir. Aliás a decisão de Alonso continuar na pista, com o aerofolio danificado, contrasta com a opção do box, que queria para-lo logo para a substituição da peça. Massa, por seu lado, ficou praticamente “encaixotado” na largada, além, em suas palavras, ter encontrado problemas de “graining” com os pneus, perdendo várias posições e deixando assim escapar a possibilidade, eventual, de lutar pelo pódio.
O GP, então, começou a se definir, com um quarteto, formado pelas duas Red Bull e pelas duas Mercedes, que foram a grande surpresa pelo progresso evidenciado, cada vez mais à frente de um grupo, liderado por Button e tendo Massa no encalço, que perdia, volta após volta, décimos de segundo em relação aos primeiros.
A valsa dos pit-stops continou dando emoções ao GP, mas este panorama, com Red Bull a Mercedes bem à frente de todos os demais, onde Massa apoderou-se do 5º lugar que acabou sendo sua merecida classificação final e lhe permite sair da Malásia à frente de Alonso na classificação do Mundial, não se alterou.
Mas várias deduções podem ser tiradas deste GP. A primeira é que Newey já conseguiu corrigir, embora não totalmente, o excessivo desgaste de pneus da Red Bull. A segunda é que a Mercedes deu um largo passo à frente e, em muitos momentos, conseguiu duelar com a Red Bull, não apenas com Hamilton mas também com Rosberg, seu segundo piloto. A terceira é que a Ferrari, em piso seco, ainda está atrás da Red Bull e, agora, também da Mercedes, embora essa última colocação deva ser ratificada (ou não) nos dois próximos GPs.
O ponto mais importante de toda a história, porém, é que finalmente caiu a máscara da Red Bull. Aquele discurso de que não haveria tática de equipe revelou-se apenas e tão somente um elemento de marketing ao qual ingenuamente muitos aderiram. Na Red Bull sempre tivemos um total favorecimento para Vettel em detrimento de Webber (gostaria de ouvir o que diriam alguns se Webber fosse brasileiro), desde aquele campeonato de 2010 em que, para favorecer Vettel, a Red Bull quase perdeu o título para Alonso. Agora a história se repetiu uma vez mais, só que o rádio do box, ordenando a Webber, então lider com certa folga, de tirar o pé, já deu volta ao mundo. E a cara de desaprovação de Newey, quando seus dois pilotos estiveram disputando o primeiro lugar, pois só quando Vettel chegou perto e mostrou que queria ultrapassa-lo é que Webber se deu conta da cilada que lhe tinham armado para roubar-lhe a vitória, só tem paralelo na conduta do australiano após a corrida, ignorando, após descer do pódio, seu rival e companheiro de equipe.
Tática de equipe, por sinal, que eu sempre defendi, sempre existiu e sempre existirá, pois não se pode por em risco um campeonato, que exige investimentos de várias centenas de milhões de dólares, só para satisfazer a vaidade de dois pilotos. Que, no fim das contas, embora regiamente pagos, nada mais são que dois empregados, obrigados a aceitar a voz do dono.
Como fez Ross Brown, no comando da Mercedes, quando Rosberg pediu para avisar Hamilton que ela era mais rápido e, portanto, o deixasse passar, e o “boss” comedor de bananas responde secamente “negativo, negativo”.
Caiu a máscara da Red Bull !
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