E Ronaldinho acabou indo para o Atlético, desfrutando de uma liminar que lhe permitiu desvincular-se do Flamengo, onde passou de herói a vilão num prazo até mais longo do que era lícito supor. Para que esse prazo fosse esticado contribui, de forma decisiva, a digamos benevolência da direção do rubronegro, que fez o possível e o impossível para resguadar o investimento que tinha sido feito no jogador. Coisa, por sinal, que não representa novidade, pois ocorreu também com Adriano em vários dos clubes por onde passou nos últimos anos.
Entendo que se trata de um contrato de risco por duas razões. A primeira é exclusivamente de carater jurídico, pois se o Flamengo conseguir cassar a liminar obtida pelo jogador junto ao Tribunal Regional do Trabalho, do Rio, onde tramita a ação, ele ficará legalmente impedido de atuar pelo Atlético. E todos sabem que o departamento jurídico do Flamengo está trabalhando a todo vapor com esse objetivo, já que o racha é irrecuperável e o clube carioca fará tudo o que estiver a seu alcance para prejudicar o jogador.
A segunda razão, e ainda mais importante em minha opinião, é a possibilidade de uma radical mudança na vida de Ronaldinho. Quando Guardiola resolveu, pouco depois de assumir o comando técnico do Barcelona, mandar embora Ronaldinho, ficou claro que não acreditava mais na sua recuperação. Silvio Berlusconi, pelo contrário, acreditou, e o levou para o Milan, onde o brasileiro, em que pese todo o apoio recebido, não emplacou. E teve que voltar ao Brasil, pensando que aqui as coisas seriam mais fáceis.
Agora alguém acredita que este simpático milionário, que um dia decidiu aproveitar a vida, crente que o dom de saber tocar numa bola lhe permitiria conservar o posto de um dos melhores jogadores de futebol do mundo, vá mudar seu estilo de vida ? Renunciar às baladas, às noitadas em prol de uma vida espartana, de atleta ? Eu não acredito, e para mim seria uma clamorosa surpresa se isso acontecesse.
De qualquer forma, vamos aguardar…às vezes milagres acontecem.