Foto: Divulgação/VW
As exportações voltaram a crescer em um ritmo acelerado e passaram, com as vendas diretas, a sustentar a produção interna. Destaca-se a forte demanda para a Argentina que apresentou um ano de retomada econômica representativa.
Até agosto deste ano foram exportados um total de 378.249 veículos automotores dos quais, segundo dados da Anfavea, 75,5% de veículos de passeio e 17,3% de comerciais leves e o restante, 6,2% de comerciais pesados. Este volume representa 22,1% do total de veículos produzidos no Brasil este ano.
O impacto mais expressivo diz respeito ao crescimento em relação ao mesmo período de 2024, aumento de 55,9%. Até agosto de 2024 foram exportados 242.613 veículos; considerando a média de exportações mensais este ano, certamente em setembro já teremos exportado mais veículos do que o ano de 2024 inteiro.
Para entender a relevância deste número, desde 2000, em apenas sete oportunidades tivemos resultados acima dos números observados no acumulado deste ano:
2005: 481.921
2006: 425.025
2007: 417.376
2008: 390.837
2013: 379.790
2017: 509.858
2018: 484.663
Entre 2019 e 2024 o Brasil exportou entre o mínimo de 324.330 unidades verificado em 2020 e o máximo de 480.929 em 2022. Se arredondarmos a perspectiva das exportações em 2025 para 600 mil unidades e o potencial dos emplacamentos internos. para 2,65 milhões de unidades, teríamos um total de produção próximos a 3,25 milhões de unidades (desconsiderados os estoques) com uma capacidade de produção que beira os 5 milhões de veículos.
Em outras palavras, teríamos uma ociosidade próxima a 35% que são números ‘excelentes’ frente ao observado nos últimos anos (próximo aos 50%), mas ainda abaixo do ideal que variam de empresa a empresa e que são considerados bons por volta dos 25% ou 27%. Não deixa de ser um ganho relevante para a indústria como um todo, mas ainda necessário melhorar.
O aumento nos números de exportações apoiaria a produção interna que, definitivamente, traria somente resultados positivos ao Brasil. Possuir novos destinos para os veículos produzidos aqui eliminaria o risco existente atualmente que é a dependência quase que absoluta do mercado interno. Possuir parceiros comerciais para destinar o excedente da produção, via exportação, como os nossos vizinhos na América do Sul seria algo de extrema importância estratégica à indústria automobilística brasileira. A exportação, neste sentido, serviria como um colchão para nossa indústria em momentos críticos de nossa economia que, convenhamos, não são poucos.
Nosso produto tem se aprimorado em relação a competitividade nos últimos anos em se comparando a outros mercados globais. A nossa mão de obra relativamente barata e qualificada, bem como uma base industrial altamente consolidada, facilita, mas entraves como os altos custos brasileiros ainda perduram. As altas cargas tributárias tendem a ser minimizadas (espera-se) com a reforma tributária com efeitos plenos em 2032, mas ainda existe necessidade de investimentos representativos em logística e infraestrutura.
Nosso mercado está entre os 10 maiores em relação a produção e vendas mundiais desde o início dos anos 2000 e possui foco em veículos compactos e econômicos, como hatchbacks e os suves de entrada atendendo as necessidades dos brasileiros e de outros países da América do Sul. O Brasil não é mais um país à margem da indústria automobilística global
Entretanto, ampliar as fronteiras e facilitar o comércio de veículos automotores produzidos aqui é mandatório para solidificar a posição regional do Brasil na América do Sul e viabilizar novos investimentos desta nova indústria, mas, para isso, é necessário o estabelecimento de novos contratos bilaterais, dever de nosso poder executivo.
O que observamos em 2025 deveria ser considerado uma janela estratégica para o futuro industrial do Brasil. Nosso país deve se apoiar em exportações para um forte crescimento e eliminar a capacidade ociosa de suas unidades fabris. O caminho ainda é longo, mas diversos países conseguiram, basta para isto planejamento e interesse governamental.
Que este momentâneo feito não seja apenas uma empolgação passageira como o Brasil costuma infelizmente adotar ao longo dos anos.