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O setor automotivo brasileiro encerrou o primeiro semestre de 2025 com crescimento nos emplacamentos, mas já acende o alerta diante do impacto das altas taxas de juros no consumo. Segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (3) pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o volume total de veículos emplacados no período cresceu 6,99% em relação ao mesmo período do ano passado.
A expansão, no entanto, vem acompanhada de uma desaceleração no ritmo de crescimento do mercado interno. Na comparação entre maio e junho, houve retração de 6,36%, influenciada também pela menor quantidade de dias úteis no mês passado. “Apesar do crescimento, notamos um movimento de desaceleração. Já revisamos algumas projeções e estamos acompanhando de perto essa tendência”, afirmou Arcelio Junior, presidente da Fenabrave.
Caminhões e implementos puxam freio
Enquanto automóveis, comerciais leves, motocicletas e ônibus apresentaram crescimento, os segmentos de caminhões e implementos rodoviários fecharam o semestre em queda. No caso dos caminhões, a redução é atribuída à menor renovação de frotas e ao alto custo de financiamento. Já os implementos registraram a pior retração do setor no ano, impactados por juros elevados e pela baixa atividade de setores estratégicos da economia.
Ônibus lideram crescimento
Na contramão, o setor de ônibus apresentou a maior alta percentual: 24,52% no acumulado do semestre. O resultado é impulsionado pelo programa “Caminho da Escola”, ainda em andamento, mas com ritmo desacelerado. Já o segmento de motocicletas ultrapassou a marca de 1 milhão de unidades vendidas no semestre, consolidando-se como alternativa popular frente aos custos de automóveis.
Veículos híbridos disparam; elétricos recuam
Foto: Divulgação/Honda
Com crescimento de 73,63% em relação a 2024, os automóveis híbridos e híbridos plug-in somaram 83.490 unidades no semestre, mostrando forte adesão do consumidor brasileiro às tecnologias sustentáveis. Já os elétricos puros recuaram 1,98%, totalizando 30.563 unidades. Para a Fenabrave, a limitação da infraestrutura de recarga ainda freia a expansão desse mercado.
Máquinas agrícolas recuperam terreno
No campo, o desempenho dos tratores foi positivo, com alta de 22,6% nos quatro primeiros meses do ano (janeiro a maio), enquanto as colheitadeiras apresentaram leve queda de 1,2%. A Fenabrave avalia que o Plano Safra 2025/2026 trouxe boas condições para a agricultura familiar, mas manteve taxas elevadas para grandes produtores, o que pode comprometer os resultados do ano.
Revisão de projeções
Com a desaceleração observada, a Fenabrave revisou suas projeções para 2025. O setor como um todo deve crescer 6,2%, abaixo dos 6,9% estimados em abril. A maior queda esperada é no segmento de implementos rodoviários, que passou de uma previsão de crescimento de 5% para retração de 20%. Já automóveis e comerciais leves mantêm previsão de alta de 5%, enquanto motos devem crescer 10% e ônibus, 6%.
“A segunda metade do ano costuma ser mais aquecida, e o Salão do Automóvel pode estimular ainda mais as vendas. Mas seguimos atentos ao impacto dos juros sobre o varejo”, conclui Arcelio Junior.