
CEO do Renault Group, Luca De Meo, em sua passagem pelo Brasil em 2021 (Foto: Divulgação/Renault)
Presidente mundial da Renault, o italiano Luca de Meo de 58 anos, teve uma carreira bem diversificada (e agitada) na indústria automobilística ao longo de 25 anos. Iniciou na própria Renault e depois Toyota Europa, Grupo Fiat (incluindo Lancia e Alfa Romeo). Passou pelo Grupo VW como diretor de marketing e após três anos assumiu vendas e marketing da Audi. De lá seguiu para a Seat, marca espanhola integrante do Grupo VW. Com toda essa experiência voltou ao Grupo Renault onde também comandava a romena Dacia e a francesa Alpine.
Ele foi responsável pelo programa Renaulution e em 2023 tomou uma decisão estratégica ao dividir os esforços de desenvolvimento de motores em duas empresas especializadas: Horse, para motores a combustão interna e Ampere, para os elétricos. Atraiu também a chinesa Geely como parceira. De Meo conduziu ainda com muito tato a atribulada aliança Renault, Nissan e Mitsubishi. Quando a Nissan, imersa de novo em problemas financeiros, anunciou um acordo com a Honda, o executivo italiano entrou na negociação e tudo foi desfeito.
Toda essa carreira atribulada pode ter sido a razão para o executivo sair da indústria automobilística e ingressar a partir de 15 de julho no mundo das marcas de moda de luxo, Gucci e Yves Saint-Laurent. De Meo, no entanto, fez declarações contundentes ao jornal inglês Financial Times, no mês passado, corroboradas por John Elkann, presidente da Stellantis.
De Meo: “O princípio da neutralidade tecnológica tem sustentado todas as regulamentações em todos os setores da Europa desde a sua fundação. Não foi o caso dos automóveis. Somos a única indústria que é obrigada a reduzir em 100% o impacto [dos seus produtos]”, afirmou de Meo.
Elkann concordou: “Acreditamos que a incrível oportunidade para os países europeus e a União Europeia abordarem as emissões não está no foco na emissão zero para carros novos, mas em como podemos reduzir as emissões dos 250 milhões de carros que hoje circulam na União Europeia”.
São críticas explícitas à regulamentação europeia que prevê um prazo de 10 anos para que nenhum carro possa ser vendido na União Europeia com motores a combustão. Mesmo modelos compactos de entrada, mais baratos, teriam de ser elétricos. É possível que este prazo se estenda, todavia não há certeza.