Trajetória do SUV médio-grande da Porsche impressiona. Lançado há 11 anos (à venda desde 2014), já se aproxima de um milhão de unidades e é o modelo mais comercializado da marca germânica. Este é o primeiro Macan alimentado apenas por bateria e as potências (com overboost e motores síncronos na frente e atrás), entre quatro opções, vão de 360 a 639 cv (máximos) e torques impressionantes de 57,5 a 115,3 kgf·m (!).
Dimensões: comprimento, 4.784 mm; entre-eixos, 2.893 mm (cresceu quase 90 mm); largura, 1.938 mm e altura, 1.622 mm. Fácil de entender o amplo espaço para motorista e quatro passageiros. Porta-malas traseiro de 540 litros (480 L, na versão de topo inadequadamente batizada de Turbo) aos quais se somam 84 L sob o capô. Destaques no visual: capô alto, para-lamas pronunciados, faróis em duas sessões, portas sem molduras, rodas de 20 ou 22 pol. (10 opções de desenho) e lanternas traseiras em 3D.
Interior apresenta acabamento superior e três telas. A do quadro de instrumentos de 12,6 pol. com projeção de dados no para-brisa e realidade aumentada, a de multimídia central e outra opcional para o passageiro, ambas de 10,9 pol. Carregador de celular por indução e refrigeração, quatro portas USB-C, Android Auto e Apple CarPlay. Arquitetura elétrica de 800 V e bateria de 100 kW·h (nominal). Tempo de recarga para os raros carregadores DC de 800 V e 270 kW: 21 minutos, entre 10% e 80%. No outro extremo, 10 horas: de 0% a 100% com carregador comum AC, de 11 kW.
Ao volante do Macan 4, em percurso total de cerca de 200 km, São Paulo-Porto Felix, ida e volta, impressionou pela agilidade em curvas (eixo traseiro direcional até 5° e suspensão ativa), apesar dos 2.330 kg em ordem de marcha. 0 a 100 km/h, em 4,1 s, como esperado. Freios muito potentes, típicos da Porsche. O eixo traseiro direcional, opcional exclusivo do elétrico, ajuda também em manobras de estacionamento e retorno (diâmetro de giro, 11,1 m, exato 1 m de ganho).
Preços: R$ 560.00 a 770.000. Mantida a oferta do Macan de motor a combustão, por tempo indeterminado, (R$ 490.000 a 735.000).
・ Demissões acendem luz amarela para elétricos
O sinal não deve mudar para vermelho, claro, porém reforça a tese que sempre defendi nesta coluna: rumo certo, ritmo incerto. Na empolgação inicial, principalmente de várias marcas importantes, vale contrapor o velho ditado popular: “Colocaram a carroça à frente dos bois”. Isso em referência a um certo atraso no desenvolvimento de híbridos frente aos elétricos que, de certa forma, começa a ser reconsiderado no exterior.
Demissões sempre ocorrerão porque a produção de elétricos exige menos mão de obra e peças. O Brasil, entretanto, tem observado a trilha correta para uma transição inteligente e cautelosa.
Os sinais lá fora são claros. GM, entre outros motivos, demitiu sob acordo este ano cerca de 6.000 profissionais administrativos pelo mundo, noticiou a agência AP, sediada em Nova York, EUA. Fala-se em “transição incerta para os elétricos”. Talvez o adjetivo adequado fosse “transição apressada”. No Reino Unido, Stellantis planeja fechar sua fábrica de comerciais leves a combustão em meio a disputas com o governo sobre o volume de elétricos que precisa vender sob obrigação no país.
A Porsche desenvolverá carros de combustão interna por mais tempo do que o planejado, pois suas vendas de veículos elétricos estão caindo, segundo o Automotive News Europe. Ford cortou 4.000 empregados na Europa, noticiou o jornal inglês The Guardian. Já a Renault se comprometeu a um mix puramente elétrico de 90% até 2030, afirmação ao site Auto Express.
Notícias desse naipe se sucedem. Parece que vários fabricantes passaram a considerar também os híbridos, algo em que a Toyota acreditou (no começo, desdenhada) desde 1997 com o Prius. Quase 30 anos atrás… Até 2028 a japonesa pretende vender apenas híbridos no Brasil.