Nesta quarta coluna para o Portal Carsughi, escrevo sobre um dos segmentos mais relevantes e com crescimento virtuoso no Brasil nos últimos anos: as caminhonetes, pick-ups ou simplesmente picapes.
A importância deste segmento é histórica e representativa pois sempre serviu aos pequenos comerciantes visto que os comerciais pesados eram mais direcionados aos produtores de maior porte. As primeiras picapes foram produzidas nos EUA em 1917, com o Ford TT baseado no multifacetário Ford T. Entretanto foi apenas no pós Segunda Guerra que o segmento realmente tomou corpo com um modelo denominado Ford F-100.
O foco era ter resistência e robustez para servir ao negócio e ser um veículo destinado a cargas pequenas e médias; neste sentido os motores tinham uma configuração simples que priorizavam o torque e a confiabilidade.
As picapes evoluíram e o oriente, nas décadas de 1970 e 1980, passou a produzir veículos menores e mais econômicos mantendo boa capacidade de carga e, também, boa aceitação pelo público.
Por aqui as picapes mais relevantes são as de tamanho médio e principalmente destinadas ao agronegócio. As primeiras vendas datam das décadas de 1940 e 1950 e eram do tipo picape chassis; atualmente cada vez mais comum observar a construção baseada numa estrutura monobloco (em resumo a diferença é a existência de uma separação entre caçamba e cabine nas do tipo chassis).
A produção nacional se iniciou em 1958 com a Chevrolet 3100 e é importante enfatizar que no Brasil a utilização vai muito além do uso estritamente comercial; é comum verificar picapes sendo destinadas também ao lazer.
Em nível Global, os três países da América do Norte, Tailândia, Brasil, China, México, Austrália e África do Sul possuem vendas representativas de picapes indicando ser um mercado interessante em todos os continentes. Dentre as vendas de carros e comerciais leves no mundo, 5% dos modelos fazem parte deste segmento.
No Brasil a participação mensal das picapes está em 19,5% no acumulado até agosto de 2024, números que se assemelham nos últimos 20 meses. A Fiat Strada (picape pequena) é líder de mercado desde 2021 e está no top 10 de vendas desde 2004.
Quando se analisam os dados e a performance nas vendas nos últimos 5 anos percebe-se o grande salto que este segmento obteve.
Com dados históricos publicados pela Jato e atualizado por fontes de mercado, o crescimento nos últimos 5 anos mostra que as picapes cresceram ganharam 6,2% de participação de mercado.
Não à toa, nesse período, tivemos importantes lançamentos, incluindo o fortalecimento dos segmentos intermediário e de luxo, com as chegadas de Chevrolet Montana e Silverado, Ford F-150 e Maverick e Ram 1500 e Rampage.
Mas será que as Picapes serão os novos SUVs?
A resposta direta e objetiva é não. Por mais lançamentos que tenham ocorrido nos últimos anos, e ainda aqueles que ocorrerão em breve, os SUVs seguem dominantes aqui e no mundo. No Brasil representam 48% das vendas de veículos novos no acumulado até agosto enquanto em nível global representam números acima dos 40%…
Os lançamentos se sucedem com o intuito de explorar o valor agregado deste segmento, mas geralmente ocorrem em nichos de mercado com baixa participação de mercado, com exceções, claro!
Não resta dúvida que as SUVs continuarão reinando por um bom tempo!