Ontem (27) o site Agência Pública postou uma reportagem que relata denúncias feitas por operários chineses que participam da construção da fábrica da BYD na Bahia, sobre agressões físicas com chutes e pontapés, banheiros insalubres, alojamentos imundos e sem divisão entre homens e mulheres, além de jornadas de trabalho de 12 horas por dia de domingo a domingo.
Em março desse ano a BYD selou o acordo com o governo do estado da Bahia para construir sua primeira fábrica no Brasil, no mesmo terreno em que a Ford produziu seus carros por muitos anos, na cidade de Camaçari (BA). A marca investiu R$ 287,8 milhões só para a compra do terreno, que foi feita diretamente do governo da Bahia.
O site em questão obteve documentos e informações de que a BYD contratou aproximadamente 470 operários de três diferentes empresas chinesas, sendo o Jinjiang Group que faz o serviço de terraplanagem, a Open Steel que é responsável pela montagem da estrutura metálica da fábrica e a AE Corp que é responsável pela montagem da estrutura metálica interna.
As denúncias surgiram de fontes que solicitaram anonimato mas que divulgaram imagens das condições em que trabalham. Pode-se ver uma mulher carregando 2 baldes numa tábua apoiada atrás do pescoço, sopa mantida num pequeno cooler para alimentar centenas de trabalhadores, água insalubre para ser bebida. Além disso há denúncias também de transporte de trabalhador no porta-malas de um carro, além de banheiros imundos para uso, entre outros.
Baseada nessas acusações, a BYD emitiu uma nota de esclarecimento ao Portal Carsughi:
“A BYD recebeu com repúdio as imagens relacionadas ao tratamento dado por profissionais de empresas terceirizadas aos trabalhadores na construção da fábrica de Camaçari (BA). A BYD determinou que os agressores sejam afastados e proibidos de ingressar na unidade, exigindo das empresas providências urgentes para garantir que tal atitude jamais se repita. A BYD reforça seu acolhimento aos envolvidos, que já receberam todo o suporte necessário e seguem trabalhando na fábrica.
O Ministério Público do Trabalho apontou a necessidade de ajustes pontuais na operação. Identificamos as inconformidades em relação aos trabalhadores em Camaçari e exigimos que as prestadoras de serviços responsáveis pelas obras ajam imediatamente. A empresa permanece comprometida em colaborar com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e está à disposição para fornecer todos os esclarecimentos necessários.
A BYD está implantando um reforço em sua fiscalização da obra para assegurar o cumprimento da legislação e o respeito a todos os profissionais que nela atuam. A companhia opera há 10 anos no Brasil, sempre seguindo rigorosamente as leis locais e mantendo o compromisso com a ética, respeito e a dignidade humana.
Com um investimento de R$5,5 bilhões, a fábrica de Camaçari representa um marco estratégico e tem potencial para gerar mais de 20 mil empregos diretos e indiretos.”