Esses “ruídos” sobre enfrentamento entre países têm potencial de diminuir o interesse por veículos elétricos (VE). Continuam as dificuldades pelo seu preço ainda alto, alcance limitado em especial nas viagens longas, rede de recarga de baterias que não acompanha o ritmo das vendas, entre outras.
A prestigiada consultoria McKinsey acaba de revelar uma pesquisa com 30.000 proprietários de VE e veículos a combustão em 15 países. Nos EUA, 40% dos donos de VE pretendem voltar para automóveis com motores a combustão na próxima compra; em outros países o percentual foi quase igual (39%). Este não é um bom sinal, embora as opiniões possam mudar.
Outros 21% não têm planos de comprar um elétrico, enquanto 38% cogitam adquirir um VE ou híbrido plugável e 41% pretendem adquirir um VE Esses resultados refletem certa insegurança entre os compradores. Para a consultoria o cenário indica que a indústria deve continuar dando atenção também aos híbridos plugáveis como alternativa nos próximos anos.
Em países de renda média, como o Brasil, há convicção de que micro-híbridos e híbridos plenos com motores flex são soluções mais viáveis no horizonte de pelo menos até 2035.
Elétricos chineses também sobretaxados na Europa
Depois da pancada dos EUA que elevaram para 100% o imposto de importação para veículos elétricos (VE) de origem chinesa, a União Europeia seguiu caminho semelhante. Entretanto, o bloco de 27 países (não inclui Grã-Bretanha e Noruega) foi mais seletivo segundo o informado pela agência Associated Press (AP). A sobretaxa, além dos 10% já aplicados aos elétricos de qualquer procedência, está diferenciada por marcas o que é algo inusitado em comércio internacional.
A taxação adicional atinge 17,4% para modelos da BYD, 20% para os da Geely e 38,1% para produtos da estatal chinesa SAIC, sendo as duas primeiras de capital misto. A justificativa foi defender produtores da região de importações predatórias. A Associação de Fabricantes Europeus de Automóveis (ACEA) apoiou a decisão e a Anfavea se solidarizou por nota oficial.
O governo da China contra-atacou classificando o ato de “protecionista, destruidor da concorrência leal e tomaria todas as medidas necessárias”. Uma reação exagerada para um país que subsidia pesadamente suas exportações, muitas vezes de modo indireto, como a construção em estaleiros estatais de grandes navios ro-ro para transporte intercontinental de veículos.
Segundo a AP, acredita-se que o governo alemão tentará amenizar possíveis sanções sobre exportações das marcas germânicas para China e para isso poderá sugerir tarifas mais amenas na Europa, além de apoiar a instalação de fábricas chinesas no continente europeu.
A Stellantis, que não faz parte da Acea, afirma que taxas maiores não surtirão efeito em longo prazo.