Versão cinco lugares do utilitário da Citroën não tem regulagem de altura do volante, mas compensa com belo design, espaço e bom desempenho
Há algumas décadas, quando o Ford EcoSport estreou no Brasil, jamais se imaginou que o segmento de SUVs compactos seria tão disputado.
De lá para cá, o tempo foi passando, novos players chegaram, outros segmentos surgiram e até mesmo grandes conglomerados se formaram no mundo automotivo. E, assim, por meio do grupo Stellantis, a Citroën – antes, conhecida por seus carros sofisticados e espaçosos – resolveu oferecer, desde o fim do ano passado, o utilitário com motor turbo e câmbio automático mais barato do País.
Lançado em novembro (o sete lugares chegou só em fevereiro), o Citroën C3 Aircross custa a partir de R$ 112.990 na versão Feel Turbo 200. Entre os rivais, têm Chevrolet Tracker, Hyundai Creta, Volkswagen T-Cross, Renault Duster e companhia. Além disso, embora não considere concorrente direto, briga com o Chevrolet Spin, até mesmo porque ambos oferecem opção de sete lugares.
Na versão avaliada, Shine Turbo 200, de R$ 128.590, (a opção mais cara com cinco assentos), o modelo oferece o mesmo motor das demais configurações. Trata-se do 1.0 turboflex de três cilindros e até 130 cv, já usado em outros modelos do grupo Stellantis – como o Peugeot 208 e Fiat Strada, por exemplo.
Ao contrário do que se pensa à primeira vista, o propulsor rende bom desempenho ao SUV, que mede 4,32 metros de comprimento, 1,72 m de largura, 1,67 m de altura e pesa 1.216 kg. Nas ruas, ponto para a boa altura em relação ao solo. Os 20 centímetros de vão livre não permitem que o carro raspe o nariz em valetas, lombadas, rampas e nos (inúmeros) buracos das ruas e estradas brasileiras. Aqui, vale comentar os ângulos de ataque e de saída de, respectivamente, 23,8º e 32º.
Suspensões têm bom comportamento
Em relação às suspensões, esqueça tudo o que você conhecia sobre os antigos modelos da Citroën. Agora, a Stellantis praticamente padronizou e deixou os modelos da marca francesa com comportamento de Fiat. E isso não é ruim! Afinal, até melhorou, porque é levemente rígido, mas sem incomodar os ocupantes a bordo. Por falar nisso, o espaço (resultado de um entre-eixos de 2,67 metros) surpreende positivamente tanto para quem vai na frente, quanto quem senta atrás. E ainda tem um generoso porta-malas, com 493 litros. Maior até que o do Renault Duster, de 475 litros.
Ao volante, o torque de 20,4 mkgf do motor turbo agrada. Pois, fica disponível a breves 1.750 rpm. E ponto, também, para o câmbio automático do tipo CVT que simula sete marchas. Em determinados momentos, no entanto, o trabalho do CVT parece não acompanhar com tanta afinidade o trabalho do motor. Mas, em ambiente urbano, não deixa a desejar.
Por falar em ambiente, durante os dias de avaliação, o carro fez média de 9,6 km/l em consumo combinado, com etanol no tanque. Cabe lembrar que, de acordo com dados do Inmetro, o modelo faz as seguintes médias: 7,4 km/l (cidade) e 8,6 km/l (estrada), com etanol e, 10,6 km/l (cidade) e 12 km/l (estrada), com gasolina.
Visual e equipamentos
Mesmo já com seis meses de estreia, o C3 Aircross continua chamando a atenção nas ruas. Muito disso, pelo visual bem acertado e musculoso, pelas rodas de 17″, pelas colunas C largas ou mesmo pelas lanternas estilizadas. Nessa versão, aliás, o teto vem em tom preto, o que dá um charme especial. Na frente, poderia ter iluminação total de LEDs, afinal, a combinação luzes DRL e conjunto halógeno passa a ideia de falta de atualização. Sem contar que fica cafona. Poderia melhorar.
Entretanto, mesmo com um design interessante, que rende elogios nas ruas, o curioso é ainda ter gente que não conheça o C3 Aircross. Mas isso é compreensível, porque o modelo ainda vende pouco. De acordo com números da Fenabrave, foram 1.120 emplacamentos em abril. Desse modo, o utilitário conquistou o 47º lugar do ranking de vendas de automóveis e comerciais leves. O Spin, por exemplo, chegou às 2.321 unidades (32º posto), enquanto que o SUV compacto mais vendido do País, o VW T-Cross, conquistou 6.224 vendas.
Das portas para dentro, o C3 Aircross tem, como destaque, a central multimídia com tela de 10″. Tem conexão para Apple CarPlay e Android Auto sem o uso de fios, volante multifuncional (revestido com couro sintético, bem como os bancos, mas apenas com ajuste de altura, e não de profundidade), três entradas USB (duas, na parte de trás), ar-condicionado (analógico e sem saídas traseiras) e travas, retrovisores e vidros com comando elétrico. Aqui, cabe um adendo: os vidros traseiros têm comando apenas no console central. Deixa clara a intenção de economia. Ainda nesse sentido, tem alarme, mas nada de chave canivete ou presencial. Soa até estranho nos dias de hoje.
Por falar em economia de custos, o pacote de segurança tem os obrigatórios airbags frontais, freios ABS, controle de estabilidade e ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas infantis. Mas tem airbags laterais, como extras.
Para facilitar na hora da direção, controlador e limitador de velocidade, assistente de partida em rampa e direção elétrica. Uma mão na roda durante as manobras de estacionamento. Aliás, ponto para a Citroën, que também acrescenta câmera de ré e sensor traseiro à lista do utilitário. O quadro de instrumentos também é totalmente digital – e configurável. E o acabamento, apesar de extremamente semelhante ao do C3 – que é mais barato – não decepciona.