De fato, não está muito fácil de prever este ano quanto à recuperação das vendas. No entanto, a discrepância dos números não costuma ser tão clara entre as duas entidades com uma diferença de seis pontos percentuais ou nominalmente o dobro.
A Associação das concessionárias está mais otimista, pois estima um total de 2,59 milhões de unidades entre veículos leves e pesados a serem comercializadas este ano ou 12% a mais sobre 2023. A Fenabrave, em janeiro do ano passado, tinha sido mais contida ao prever crescimento zero ao final dos 12 meses. Porém, o programa de bônus oferecido pelo Governo Federal, em junho e julho, ajudou a melhorar o resultado do ano, o que obviamente não estava nas previsões.
O crescimento de 9,7% em 2023 (2,309 milhões de unidades) foi ajudado por compras das locadoras e uma pequena melhora na oferta de crédito, segundo José Andreta Jr., presidente da Fenabrave. Em 2024 ele espera 2,585 milhões de unidades.
Por seu lado, a Anfavea prevê que o mercado interno cresça este ano 6,1% para 2,450 milhões de unidades. As exportações continuarão estagnadas pelo avanço simbólico de 0,7% para 407 mil veículos. A produção deverá aumentar 6,2% e chegar a 2,470 milhões de unidades. Em dezembro último os estoques nos pátios das fábricas e concessionárias representavam 25 dias de vendas, bem abaixo de até 40 dias considerados normais. As vendas em 2023 somaram 2,180 milhões de unidades, alta de 11,2% sobre 2022.
Marcio Leite, presidente da Anfavea, afirmou que torce para a confirmação das previsões da Fenabrave: “As concessionárias estão mais perto dos compradores e assim podem sentir melhor a pulsação do mercado”, afirmou. A entidade considera que os maiores benefícios do programa Mover serão para a sociedade, a atividade econômica e o meio ambiente.
Esclarecimento sobre importação de linhas de produção usadas
O programa governamental recém-lançado Mover – Mobilidade Verde e Inovação – ainda exigirá uma série de medidas complementares ao longo de 2024, mas nada referente à importação de linhas de produção usadas como foi interpretado erroneamente em publicação na internet. Na realidade a legislação brasileira continua a proibir esse tipo de procedimento.
Entretanto, há comentários de bastidores que em um futuro ainda não previsível é natural que a produção de veículos com motores a combustão tenda a diminuir na Europa e em outros mercados de alto poder aquisitivo. Isso ocorrerá na medida em que a produção de veículos elétricos suba ao ponto de tornar-se antieconômica a fabricação simultânea de motores a combustão.
Dessa forma, especula-se que o Brasil poderia assumir essa produção de motores tradicionais sob escala competitiva para exportação. De que maneira isso seria feito e a partir de quando ainda não há a menor ideia. É algo cogitado apenas em conversas informais de bastidores.