avaliação e texto: Lúcia Camargo Nunes
Sob artilharia da rival Strada, com quase 72% de market share, a Volks coloca à venda a 5ª geração de sua picape pequena Saveiro, agora como linha 2024.
As modificações foram sutis e talvez nem mereçam o selo de nova geração, mas o marketing falou mais alto.
No visual são novos os faróis, mais recortados, a grade recebeu novos elementos e a parte de baixo tem novo formato, integrando os faróis de neblina. A nova frente ficou mais moderna e dá um caráter de robustez à picape.
No perfil as mudanças foram menores e atrás, basicamente, foram remodelados os para-choques e o desenho dos elementos das lanternas, agora escurecidas, além da tampa agora ter gravado o nome “Saveiro”. Caçamba e motor foram mantidos, o que não é ruim. Mas as versões de cabine dupla não receberam as esperadas portas traseiras. Começando pela caçamba, a Saveiro perde em capacidade de carga e espaço em volume nas duas configurações para a rival Strada.
Não houve evolução de motor, câmbio e espaço interno – ou melhor, a Volks não expandiu a oferta de propulsores ou adicionou transmissão automática. As limitações da plataforma, por exemplo, não permitem sequer que a Saveiro ganhe um VW Play de multimídia.
As quatro versões
São quatro versões no total da linha 2024, todas com o mesmo motor 1.6 EA211 e transmissão manual de 5 marchas. Todas trazem sensor traseiro de estacionamento, protetor de caçamba e freio a disco nas 4 rodas.
A de entrada, Robust (R$ 95.770), tem como principais novidades indicação de direção nos retrovisores externos, controle eletrônico de estabilidade (ESC), assistente para partida em subida (HHC), faróis diurnos (DRL) e alerta de cinto de segurança. Nesta versão, as rodas são de aço de 15” com pneus 205/60 R15.
Acima dela está a Trendline CS (R$ 101.490) que se diferencia pelas faixas pintadas nas laterais, brake light, iluminação no compartimento de carga, novo tecido nos bancos e apliques nas portas, faróis com função “Coming and Leaving Home”, alarme e computador de bordo.
A Robust Cabine Dupla sai a R$ 109.710 e traz como adicionais à cabine simples itens como bagageiro no teto, desembaçador do vidro traseiro, três lugares atrás e porta-celular no encosto do banco do passageiro.
Por fim, a Extreme (R$ 114.580) é a mais voltada ao lazer e conta até com um adesivo decorativo para ela. Traz, de série, rodas de liga leve diamantadas de 15”, santoantônio e capota marítima. Por dentro há novo cluster, multimídia Composition Touch, câmera de ré, coluna da direção com ajuste de altura e profundidade, indicador de pressão dos pneus, novos acabamentos das portas e bancos de couro sintético.
Como andam
Avaliamos a picape na versão Trendline de cabine simples e a nova Extreme, de cabine dupla. A primeira é voltada ao trabalho – a Volks não detalha seu market share, mas diz que 80% das vendas são corporativas – e as três primeiras versões cumprem mais essa função.
Já a versão Extreme é a resposta às Stradas mais esportivas (turbo e CVT) e a Volks quer ressaltar suas qualidades em terrenos mais acidentados. Durante o test drive, as duas desempenharam bem a passagem por pisos irregulares, com valentia.
Se equipada com o pacote opcional Tech (R$ 2.160), a versão Extreme recebe assistente de controle de descida e o ABS com função Off-Road, que, por meio de uma tecla no painel, atua junto com o ESC para intervir no ABS e melhorar a eficiência da frenagem em pisos de pedriscos, terra, etc.
Na primeira experiência, com a Trendline, a picape mostrou valentia. O motor 1.6 rende até 116 cv e 16,1 kgfm de torque (com etanol), acoplado ao câmbio manual de 5 marchas de ótimos engates. Dirigida em boa parte na estrada, a picape é ágil e atua melhor nas altas rotações.
O ajuste da suspensão é bem acertado. Na dianteira o conjunto ganhou elevação em 10 mm e, mesmo sem carga, a Saveiro roda suave. Atrás, as molas de duplo estágio atuam automaticamente quando ela está descarregada, sem quicar e, no estágio 2, carregada, fica mais rígida.
O interior da Extreme é mais agradável e, mesmo carregada (com motorista, passageiro e 160 kg de lastro), não transmitiu dificuldades. Atrás, o espaço é apenas razoável para as pernas e o túnel central limita a área para as pernas do passageiro central. O assento em posição elevada e o encosto bem vertical não contribuem para o conforto.
A Volks também ressalta o desempenho da sua picape, que chega à velocidade máxima de 181 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos.
Embora seu consumo não seja nenhum primor, seu taque de 55 litros chega a garantir perto de 700 km de autonomia.
Tradição e bom custo-benefício
A Volks aposta na tradição de 41 anos da Saveiro, um facelift após 8 anos, vocação para trabalho e lazer, desempenho e conforto satisfatórios e menor custo de propriedade. A marca afirma que a Saveiro é superior em preço de revisões, seguro, custo de peças e mão de obra.
Em manutenção preventiva perde por pouco para a picape Fiat: na cotação de seis revisões, a Volks cobra R$ 5.183 versus R$ 4.768 da Strada. E, se no passado a fama de seguro caro prejudicou as vendas da Saveiro, é bom rever esses conceitos: para um perfil conservador, com mesmas características, descobrimos que para a Saveiro Robust CS o seguro custaria R$ 2.500, enquanto para a rival da Fiat, na versão Endurance, o valor sobe para R$ 4.200.
Uma nova geração, totalmente remodelada, ainda pode demorar pelo menos dois anos a chegar. Com a linha 2024 da Saveiro, a Volks quis marcar seu território em um segmento com apenas duas representantes e mostrar que, embora seja um projeto antigo, ainda tem gás e munição para encarar as estradas.