Um veículo à prova de acidentes é uma promessa que mais cedo ou mais tarde pode se transformar em realidade. Mas a tecnologia para chegar lá é alvo de intensas discussões técnicas e até egocêntricas. Isso ficou claro em reportagens da Forbes e da Autocar sobre o avanço de uma empresa sediada em Orlando, Flórida (EUA), a Luminar. Seu presidente, o bilionário Austin Russel, não se pode classificar de modesto.
“Primeiro, os cintos de segurança. Depois, os airbags. Agora, a Luminar” afirmou em entrevista. A aposta da empresa é no lidar (sigla em inglês de Light Detection and Ranging, Detecção e Medição de Distância por Luz), tecnologia de sensoriamento remoto que usa pulsos de laser para construir um ambiente tridimensional à frente de um veículo, permitindo detectar objetos até 300 metros de distância. Com aperfeiçoamentos futuros é possível criar um “envelope” de segurança em torno do carro para torná-lo à prova de colisões, independentemente de quem esteja ao volante.
O segundo homem mais rico do mundo, Elon Musk, dono da Tesla e outras gigantes como a fábrica de foguetes SpaceX, fez opção por um sistema de câmeras de alta definição. Ele desdenha o lidar como “um objetivo tolo” e recusa-se a usá-lo nos Teslas.
Matthew Weed, diretor da Luminar, não deixou por menos. “Um carro dirigir sozinho apenas com câmeras é questão irrelevante. Porém, será sempre mais seguro? Se houver tecnologia lidar no veículo, a resposta é sim. Se pudermos reduzir o custo o suficiente para compensar o valor por meio de menos colisões, então se trata de conversa irrelevante”, disparou.
Há mais de 25 empresas de lidar no mercado mundial e quatro se destacam: Innoviz, de Israel; RoboSense e Hesai, da China; Valeo, da França. “Existem 100 especificações e requisitos dentro de um sistema lidar, mas importante é o quão longe pode-se detectar as coisas e vincular isso diretamente à velocidade com que é seguro dirigir”, diz Weed.
Ele afirma com base em relatório do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas que o lidar da Luminar pode detectar um pneu na estrada a cerca de 160 m – o dobro da distância de qualquer outro. A nova fábrica da empresa no México (além dos EUA, Tailândia, China e mais uma na Ásia) deverá permitir escala para tornar o produto mais em conta.
Na próxima geração o custo deve cair para cerca de US$ 350 (R$ 1.750), equivalente à economia no preço do seguro.