Versão topo de linha da Mitsubishi L200 tem 190 cv extraídos do motor 2.4 turbodiesel, acelera com vigor e tem excelente lista de itens de série
Os mais nostálgicos, certamente vão lembrar que a Mitsubishi L200 Triton Sport está de aniversário. A picape média comemora, em 2023, 25 anos de produção nacional. O modelo, desde 1998, é fabricado na planta da HPE (grupo que controla a Mitsubishi no Brasil) de Catalão (GO). De lá para cá, além de mais bonita, a picape melhorou bastante em termos de comportamento e oferta de itens de série. E, como as rivais, cresceu em medidas e, consequentemente, em espaço interno e conforto.
No ano retrasado, a Mitsubishi L200 Triton Sport foi renovada. Além de ostentar cara nova, a picape chega a um novo patamar tecnológico e evoluiu até em desempenho. A geração não mudou, continua na quinta, mas houve mudanças profundas. A princípio, a aparência (baseada no conceito Advanced Dynamic Shield, como o irmão Pajero Sport, por exemplo) a coloca como a mais bonita da categoria – pelo menos, é o que ouvimos pelas ruas durante a semana de avaliação. O visual esquisito da versão anterior (que, aliás, continua em linha), não agrada tanto.
Antes de tudo, cabe lembrar que a L200 Triton Sport é disponível em três versões de acabamento. Todas, com câmbio automático. São elas: : GLS (R$ 272.990), HPE (R$ 296.990) e HPE-S (326.990). Esta última, o modelo avaliado que você confere nesta reportagem. Na concorrência, portanto, os preços ficam em: Chevrolet S10 (de R$ 255.880 a R$ 325.170), Toyota Hilux (R$ 219.090 a R$ 352.290) e Ford Ranger (R$ 228.590 a R$ 329.990).
Motorização e impressões
Em 2023, a L200 Triton Sport mantém a mesma motorização da linha anterior. Trata-se do 2.4 turbodiesel com quatro cilindros – que é acionado por meio de um botão à esquerda do painel, ao estilo Porsche.
Em números, gera 190 cv de potência e (a 3.500 rpm) e 43,9 kgfm de torque – a 2.500 rpm. O câmbio é automático de 6 velocidades. A versão anterior – antes de setembro de 2021 – tinha 5 marchas. Isso gera notável esperteza nas acelerações. Embora quase ninguém use, é oferecida a opção de trocas sequenciais, tanto pela alavanca quanto pelas aletas atrás do volante.
Quem quiser sentir todo ímpeto da picape, pode testar o sistema Super Select 4WD-II. Nele, há quatro modos distintos de operação, incluindo a reduzida. Basta acionar o seletor no console central e escolher o melhor ajuste, conforme local e condições do piso. Mesmo pegando estradas de terra rumo à locais, digamos, inóspitos, usamos apenas o 4×4 convencional. Isso mostra que sobrou recurso na L200 durante o teste.
Cabe, portanto, explicar cada um dos modos. De acordo com a marca, a opção 2H é usada para estradas e vias públicas, a 4H, em estradas e pisos irregulares (tração é distribuída entre os eixos dianteiro e traseiro, por meio do diferencial central), 4HLc, para terreno acidentado com superfícies de baixa aderência e, por fim, 4LLc, ideal para subidas ou descidas íngremes, rochas, areia e lama.
E tem o Off-Road Mode. O sistema garante desempenho ideal para ambientes com cascalho, lama/neve, areia e pedra, alterando tração, entrega de potência, bem como transmissão, sistema de freios e controles de estabilidade e de tração.
Suspensões
Na prática, a picape tem excelente conjunto de suspensão – independente na dianteira e com eixo rígido na traseira. O ajuste de amortecedores e molas deixa a L200 Triton Sport mais firme. Não tem aqueles chacoalhões em curvas ou pisos irregulares. Dá até para dizer que não difere muito de SUVs grandes. Na estrada, a 120 km/h, em sexta marcha, e giro do motor pouco acima dos 1.000 rpm, dá até para esquecer da caçamba (com capacidade de carga de 1 tonelada e revestida com protetor) que tem lá atrás.
Aliás, por falar em espaço, não é fácil manobrar um trambolho com mais de 5 metros de comprimento em ambiente urbano. Sorte que, para ajudar, a Mitsubishi colocou sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, bem como câmera de ré. E nem dá para dizer que falta um assistente de estacionamento aí, porque – apesar da praticidade – esses sistemas exigem tanto espaço para reconhecer a vaga que fica mais fácil o próprio motorista fazer a baliza. Na L200, o raio de giro tem 5,9 metros.
Outros dados da ficha técnica que valem destaque são as rodas de 18″ cobertas por pneus 265/60. A Mitsubishi L200 Triton Sport tem, ainda, ângulos de entrada, de saída e brake over de, respectivamente, 32º, 23º e 25º. Sobretudo, pode atravessar trechos alagados de até 600 milímetros de profundidade.
Interior
Da porta para dentro, dá para notar que a Mitsubishi investe em um ambiente refinado. Se preocupa com os materiais de acabamento. Tem couro, material que imita alumínio e até piano black. O volante da Mitsubishi L200 tem boa empunhadura, ajuste de altura e de distância. É o mesmo do Pajero Sport. Aliás, a ergonomia é excelente. Dá, também, para ajustar o banco – com comando elétrico.
Algo bem interessante é a solução de acrescentar saídas de ar traseiras no teto. Uma boa solução, até para que o duto central não atrapalhe os ocupantes traseiros. A distância entre-eixos fica em 3 metros.
No meio do quadro de instrumentos há um display colorido. O gráfico, entretanto, é bem básico. Sem contar que ainda conta com aquele botão arcaico em formato circular. Por outro lado tem central multimídia com tela de 7″, de série. O sistema é sofisticado, pois oferece espelhamento para celulares com as plataformas Android Auto e Apple Carplay. Poderia ter grafia um pouco melhor, mas é ágil, sem delay.
Tecnologia
E os recursos não param no espelhamento de smartphones. Há diversos outros. Os faróis, por exemplo, são bi-LED com DRL integrado, e têm ajuste de altura e lavador. A picape tem, na lista de segurança, destaque para o sistema de frenagem autônoma e de monitoramento de ponto cego. Tem, ainda, os alertas de mudança de faixa e de tráfego traseiro, o assistente de partida em rampas, sete air bags, controle de descida em rampas, e bloqueio do diferencial traseiro.
Em síntese, a picape média evoluiu muito desde o início de sua produção nacional. E esse crescimento não foi apenas no nome (era apenas L200), mas também em tamanho. Para se ter ideia, à época media menos de 5 metros de comprimento, hoje, pulou para 5,30 m.
Mesmo com tantos atributos, a picape, injustamente, não está no pódio das mais vendidas do Brasil. Números da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) apontam que, enquanto a líder das médias, Hilux, vendeu 2.814 unidades em fevereiro, o exemplar da Mitsubishi teve apenas 787 emplacamentos. Assim, ocupou o quarto lugar, atrás também de Chevrolet S10 (1.512) e Ford Ranger (1.025).