Cristiano Ronaldo deixou o gramado do Al Thumama para, provavelmente, não mais retornar aos campos como jogador profissioal em uma Copa do Mundo. É verdade que, quando tinha lá seus 33 anos, o teste apontou o físico de um atleta de 22. Só que hoje, com 37, a matemática mostra que ele terá 41 em 2026.
E Cristiano Ronaldo deixou o gramado do Al Thumama ciente de que não terá, como atleta, a oportunidade de erguer a taça da Copa do Mundo. Aliás, sequer podrá tocá-la. A honraria é dada somente a campeões do mundo e chefes de estado. E Cristiano Ronaldo não será campeão do mundo como jogador. E não será com Cristiano Ronaldo que Portugal terá um time campeão do mundo, assim como não teve com Eusébio, nem com Figo.
Marrocos vem proporcionando o que provavelmente só Marrocos poderia prever. A seleção tem derrubado os adversários do lado de lá do Gibraltar com a mesma força com a qual lacra nas bolsas de apostas. Provavelmente já tenha recebido as velhas alcunhas de “time sensação”, “xodó dos brasileiros” e por aí afora. Em outros tempos a “geração vencedora” estaria em todos os programas de TV, renderia longas entrevistas e talvez até reativasse a guerra da audiência dos domingos, tão difundida na segunda metade dos anos 90.
Sem exageros e devaneios, o feito de Marrocos já é gigante, haja o que houver a partir de agora. Uma derrota nas semifinais e outra na disputa pelo terceiro lugar não tirarão do time a melhor campanha da história de uma seleção africana em Copas do Mundo. E isso não é pouca coisa. Uma conquista de terceiro lugar será digna de desfile em carro aberto indo pra lá de Marrakesh. Uma vitória nas semifinais e…bem, deixemos os sonhos com eles…
Até porque quem estará do outro lado será a França, postulante a igualar-se ao Brasil na história das Copas. Só a seleção brasileira venceu duas edições consecutivas (1958 e 1962). Só a França tem condições de repetir a história em 2022 depois da taça erguida na Rússia, em 2018. E Didier Deschamps tem, assim como Zagallo teve até 2002, a possibilidade de participar ativamente de todos os títulos mundiais da França.
Os franceses credenciaram-se a tal condição depois de um duelo dos mais difíceis diante da Inglaterra, quando até a sorte entrou em campo. Levar um gol de pênalti de Harry Kane, ok. Dois não dá. E não deu. A bola subiu demais depois que o VAR chamou o brasileiro Wilton Pereira Sampaio para marcar a segunda penalidade a favor dos ingleses.
E era um jogo igual, com os dois times explorando os contra-ataques em velocidade. O vencedor do jogo seria o mais ficiente. Kane não foi. Giroud foi. A França foi para as semifinais. A Inglaterra, para casa.
E será a França o obstáculo de Marrocos nas semifinais. Trata-se de um time pronto não somente para passar de fase, mas também para ser campeão. Ou bicampeão. Ou tricampeão. Só que Marrocos não tem nada a perder, ainda que perca.
Quarta-feira vai ter jogo. E vai dar jogo.