É lógico que deu França na final. É o mais lógico. É a lógica. A ciência exata dentro do esporte o qual nem sempre as coisas acontecem com exatidão. Marrocos está no continente das zebras, mas geograficamente mais perto do sangue azul. Marrocos não cai, Marrocos sobe. E sem que ninguém suba no ônibus em Marrocos.
O primeiro país africano a chegar a uma semifinal esteve próximo de ir à final, principalmente pelo que produziu no segundo tempo, quando apenas um gol o colocaria na disputa direta. Faltou ser direto na conclusão das jogadas (e não foram poucas) que construiu. Neste ponto entra o peso da camisa azul adversária, em contraste com a leveza de quem já estava além do que poderia determinar a lógica. Um toque além, a mais dentro da área ao invés de tocar para o companheiro ou de, simplesmente, chutar em direção ao gol. Não era necessário caprichar. Poderia errar, mas erro maior foi cometido na análise de que a Copa do Mundo estava dominada pela aristocracia europeia e, no máximo, dois representantes da América do Sul. Marrocos mandou europeus para casa e fez mais do que um certo país sul-americano. E estará à frente, mesmo que fique atrás de todos os semifinalistas. Marrocos pode ter errado pela inocência, mas inocente foi achar que tal seleção mal jogaria a primeira fase.
A França não teve o domínio total do jogo, mas entendeu de que maneira poderia chegar à final. Arriscou-se ao não dar o devido combate diante de um ímpeto marroquino que crescia não mais de maneira surpreendente, mas certamente ameaçadora. Exceção a esta postura levemente suicida, o time francês soube ter a devida paciência para encaixar o contra-ataque que definiu sua ida para a quarta final em sete Copas. Em três decisões, venceu duas. Sempre com Didier Deschamps. Em campo ou no banco.
E vamos combinar que, na condição de improvável em uma semifinal, perder por 2 a 0 para a atual campeã do mundo não é nenhum demérito. Pior seria uma derrota por 7 a 1, mas isso é assunto para outro momento.
Marrocos não está fora da Copa. Disputa o terceiro lugar. E deixa o Catar com a honra e a alma lavadas, mesmo que fique em 4º.
Segue a França para mais uma final. E que enfrente a Argentina. E que façam um jogo digno.
Teremos um tricampeão no domingo.