Vitor Pereira definiu a derrota para o Flamengo, em Itaquera, como um ‘choque de realidade’. Isso significa entender o que, de fato, representa esse Corinthians.
O Corinthians não vence há sete jogos na Libertadores, teve apenas duas vitórias em 10 partidas e marcou somente cinco gols na competição. Além disso, como visitante nesta temporada, tem um aproveitamento baixíssimo: venceu somente seis das 24 partidas disputadas fora de casa.
Quais seriam as chances dessa equipe vencer o Flamengo, que vive situação completamente oposta — e cujo time é bem melhor tecnicamente — por dois gols de diferença, fora de casa?
Veja bem: a última vez que o Corinthians marcou dois gols fora de casa foi em maio, no empate em 2 a 2 contra o Internacional; e a última vitória por dois gols de diferença como visitante aconteceu na primeira rodada do Brasileiro, em abril, contra o Botafogo, por 3 a 1, no Nilton Santos.
Reverter a vantagem seria um milagre.
O jogo
O confronto no Maracanã teve características diferentes do que fora apresentado em Itaquera. No jogo de ida, as duas equipes tiveram posturas cautelosas, marcando atrás da linha da bola. Foi um combate bem mais nervoso.
Hoje, no Rio, o confronto foi mais aberto; mas há um detalhe em comum entre os dois jogos: assim como o passado, este também foi um duelo de cartas marcadas.
O primeiro tempo do Corinthians não foi ruim. Muito pelo contrário, teve movimentação, volume e posse de bola. Faltou concluir as jogadas. No entanto, todo ataque armado pelo Flamengo levava muito perigo ao gol de Cássio.
O que era previsto até o intervalo: com o Corinthians jogando tão avançado, e desesperado para marcar um gol e fazer o jogo ferver, havia muito espaço na defesa, e bastava apenas um contragolpe efetivo do Flamengo para matar o jogo.
O Flamengo é eficaz, e este colunista trouxe os números no texto da semana passada: precisa de apenas 4,6 finalizações para marcar um gol. O contragolpe, pelo qual o time de Dorival Jr. tanto esperou, nasceu justamente dos pés do melhor jogador em atividade no Brasil: Arrascaeta. O uruguaio deu passe milimétrico para Pedro definir a classificação rubro-negra.
Pedro foi eleito o melhor em campo no Maracanã, mas ninguém foi mais decisivo que Arrascaeta nos 180 minutos.
Aliás, Pedro quase matou o jogo logo com 3′ de jogo, com um chute de bicicleta que passou à direita de Cássio. E o goleiro alvinegro, mais uma vez, salvou o Corinthians do que poderia ser um vexame histórico.
Por fim, vale ressaltar o trabalho feito por Dorival Jr. no Flamengo. Mostrou que não basta apenas ter boas peças no elenco, mas é preciso, sobretudo, saber o que fazer com elas. O clube carioca tem o luxo de contar com Vidal e Cebolinha entre os reservas. No Corinthians, por exemplo, seriam titulares com a responsabilidade de chegar e mudar a cara da equipe.
E agora, Corinthians?
O Corinthians tem mais duas decisões pela frente. O clássico contra o Palmeiras, no fim de semana, que é importante para a disputa pela liderança do Brasileiro, e o duelo frente ao Atlético-GO, pela Copa do Brasil — na ida, o time goiano venceu por 2 a 0.
Essa é uma semana decisiva para o ano do Corinthians.
Nos bastidores, comenta-se que Willian está próximo de deixar o clube rumo à Europa, em razão da eliminação na Libertadores.