O começo da década de 90 trouxe ao Brasil o retorno dos automóveis importados. Sonho de consumo, naves, carros de outro mundo. Essa era a impressão geral dos brasileiros durante o período que compreendeu os anos de 1976 a 1990. Eles podiam ser vistos apenas em revistas e nas aguardadas edições do Salão do Automóvel.
Mas vamos voltar no tempo. Na década de 60 o mercado pedia modelos mais luxuosos. Havia uma demanda por eles. Alguns deles se encaixavam como Simca Chabord e Aero-Willys para suprir essa necessidade. Mas o brasileiro queria algo novo e mais moderno. E a Chevrolet viu no Opel Rekord a possibilidade de trazer algo diferente.
Por aqui o estilo, especialmente da parte dianteira, foi redesenhado para o gosto do consumidor local. E ao invés da mecânica europeia foram utilizados motores dos Estados Unidos, com quatro ou seis cilindros. A década de 70 viu o surgimento da versão SS, uma reestilização bem-vinda e também a chegada do lendário motor 250-S, com o som característico das válvulas. Mas no começo da década de 80 a marca resolveu lançar o seu trunfo para o mercado de luxo: a versão Diplomata.
O exemplar da matéria é de 1989. Um ano antes ele havia passado por uma reestilização visual e ficou com um design mais jovem e bem ajustado às necessidades do mercado naquele momento. O interior se destaca pela cor preta. Podemos dizer que é até um pouco pesado, porém exala comodidade. Entrar em um desses Opalas é como voltar no tempo e se sentir quase em casa. Não me pergunte como mas a marca sabia fazer isso de uma maneira especial.
Nessa época o motor de seis cilindros e 4,1 litros estava um pouco mais amansado (135 cv). Mas o torque de 29 kgfm é um de seus diferenciais e faz com que andar em um deles seja algo extremamente prazeroso. O silêncio desse conjunto em funcionamento merece aplausos, tanto que alguns anos antes até mesmo o maestro Diogo Pacheco ilustrou uma famosa propaganda da versão, uma das ideias brilhantes da publicidade brasileira.
Uma característica interessantíssima diz respeito à transmissão automática. São quatro velocidades e o funcionamento bastante suave. As trocas são confortáveis e combinam com a versão. Vale lembrar que essa mesma caixa também era utilizada pela Jaguar na época. Em outras palavras, tínhamos algo de primeiro mundo.
O Opala passaria por mais uma mudança antes de se aposentar com todas as honras e méritos merecidos. Sem dúvida nenhuma ele tem um lugar especial na história da Chevrolet no Brasil, na indústria automobilística nacional e também no coração de milhares de brasileiros em 25 anos de história.
Veja também a coluna passada:
https://carsughi.uol.com.br/2022/04/galaxie-ambulancia-andamos-no-unico-exemplar-produzido/