João Augusto Conrado do Amaral Gurgel foi um visionário. E também um gênio, de certa forma, ao pensar em um modelo de automóvel compacto e que pudesse ser adquirido por muitas pessoas. Além disso ter eficiência energética gastando pouco combustível e rodando mais quilômetros dessa forma.
A trajetória da Gurgel Motores começou na década de 60 com alguns modelos para recreação. Logo surgiram versões como o Ipanema, um divertido veículo que tinha um quê de bugue e muita versatilidade para o uso naquela época. Cores diferentes e um estilo próprio fizeram deste e outros modelos um grande sucesso no mercado.
Uma das razões desse êxito da empresa foi a parceria com o Volkswagen, da qual utilizava chassis, motores e transmissão. Esse casamento deu origem a vários modelos que se via em grande quantidade pelas ruas nas décadas de 70 e 80. O X12 é um exemplo de sucesso, além do Carajás, que trazia a mecânica de 1,8 litro da marca alemã.
Mas Gurgel tinha ambições maiores, como foi dito no primeiro parágrafo deste texto. Seu sonho era criar um automóvel próprio, 100% nacional e que fosse mais barato que os concorrentes das marcas tradicionais. O BR-800 nasceu justamente para atender a essa proposta. Com 2,70 metro de comprimento e quatro lugares, no estilo 2 + 2, chegava para ser um modelo urbano e eficiente.
O motor de dois cilindros boxer e 800 cm³ de cilindrada entregava por volta de 36 cv. Isso era algo mais do que suficiente para o deslocamento pelas ruas e avenidas, com ruído peculiar e sempre despertando a curiosidade das pessoas, mesmo naquela época. Uma diminuição governamental da alíquota para veículos de baixa cilindrada impulsionou o projeto.
Mas hoje vamos falar de uma outra versão que deu origem ao carro da matéria. A Motomachine trazia portas removíveis e transparentes, algo inédito até os dias de hoje. A versão Patrol que mostramos aqui foi derivada dela e desenvolvida por encomenda da Polícia Militar de Minas Gerais para avaliação.
Além das características já citadas trazia equipamento para uso policial como cassetete, cones de sinalização, lanterna e a prancheta, além da caracterização com sirene e giroflex. Essa única unidade está em uma coleção e permanece em ótimo estado de conservação. A Gurgel faliu na metade da década de 90 mas seu legado permanece vivo.
Veja também a coluna passada:
https://carsughi.uol.com.br/2022/03/kawasaki-kz1000-conheca-a-moto-do-seriado-chips/