Na composição das baterias dos elétricos puros e híbridos, em média, 50% é Alumínio, Cobre, Níquel, Manganês, Cobalto e Lítio, em ordem decrescente de presença em peso. Os preços dessas “commodites” dispararam em um ano (ver gráfico abaixo) e o volume de produção mundial dos carros elétricos ainda nem decolou.
No ano passado, elétricos e híbridos representaram 8% da produção mundial de carros e veículos comerciais (no Brasil representaram, apenas, 1,8% do que foi vendido e os elétricos puros representaram só 0,2%).
Os gráficos abaixo são um ‘avant-première’ do que ainda teremos pela frente, lembrando que esses elementos nobres não abastecem apenas as baterias dos carros elétricos.
O cálculo da média de preços dos oito carros elétricos mais vendidos no Brasil em 2021 é R$433.000, com “preços praticados” variando entre R$240.000 e R$800.000. Em 2021, 70% das vendas totais de carros no Brasil estiveram na faixa de até R$100.000.
Se você espera que os preços das baterias dos elétricos irão baixar no futuro, não tenho uma boa notícia. As baterias em estado sólido (SSB), que entrarão em produção comercial daqui a uns 4 ou 5 anos, utilizam ainda mais Lítio e Níquel em sua composição e continuarão representando metade do custo do veículo, lembrando que todo investimento em R&D dos últimos anos precisará ser pago. Há os investimentos nas “gigafactories” de baterias, que já estão no pipeline e estamos falando de muitos bilhões de dólares em equipamentos e instalações, que também precisarão ser pagos.
O setor automotivo e sua cadeia de valor não são compostos por entidades beneficentes e como sempre falo, “business is business”.
Felizmente, no Brasil, para a redução da pegada de carbono na mobilidade, temos o etanol e um potencial enorme para o biometano a partir do agro.
Crédito de Metano, um novo mercado. O Programa lançado pelo Ministério do Meio Ambiente no último dia 21 de março de 2022 é excelente; é parte do mercado regulado de carbono e espero que não fique só no papel. Tomei a liberdade de chamá-lo de RenovaBio-Metano em referência ao muito bem-sucedido RenovaBio, programa de crédito de descarbonização em vigor, com efeito a partir do setor sucroenergético.
O metano é um gás de efeito estufa, maior responsável pelo aquecimento global, com potencial de aquecimento na atmosfera muito superior ao CO2 e por isso, deve receber crédito maior que o crédito de carbono. Tudo pode ser incluído sob o guarda-chuva da redução da pegada de carbono e dos agentes causadores do efeito estufa.
O programa deve incentivar uma cadeia produtora e consumidora e mais uma vez, o agronegócio será o grande protagonista.
O Programa Metano Zero, como foi denominado na Portaria nº 71 do Ministério do Meio Ambiente, visa contribuir com os compromissos assumidos pelo Brasil no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, no Pacto de Glasgow e no Acordo Global de Metano. Possui como objetivos: 1) a redução das emissões de metano; 2) o uso sustentável de biogás e biometano como fontes renováveis de energia e combustível; 3) fomentar acordos setoriais visando ao uso sustentável de biogás e biometano e à redução das emissões de metano.
Bem, como mencionei antes, a ideia é excelente e precisa sair do papel.
Leia também a coluna anterior:
https://carsughi.uol.com.br/2022/02/os-mesmos-desafios-de-sempre-para-as-novas-montadoras-que-chegam-no-brasil-so-o-mercado-que-esta-pior/