Geralmente, quando equipes sul-americanas enfrentam europeias percebemos um contraste em relação à parte física dos atletas. Os times da Europa têm muito mais intensidade, e esse aspecto acaba ficando em segundo plano nas discussões, porque a parte técnica é que ganha maior destaque.
Na vitória do Chelsea sobre o Palmeiras, a questão física foi o maior diferencial. Os melhores jogadores palmeirenses ficaram esgotados, e eram justamente os que mantinham a partida num nível equilibrado.
O Chelsea tinha mais posse de bola, e o Palmeiras mais finalizações no alvo. Eu gosto muito da análise de Abel Ferreira sobre a “relação Espaço x Tempo“, como ele mesmo menciona. Uma das maiores evoluções do futebol foi a velocidade, e no Brasil o time que melhor desempenha esse aspecto é o Palestra.
O Palmeiras partia ao ataque com velocidade, e criou ótimas chances com Dudu e Rony, mas a dupla de atacantes pecou nas finalizações; mas esse parecia o caminho certo: ser firme na zaga e veloz na frente, para surpreender os defensores do Blues.
O Palmeiras teve uma marcação muito robusta. As alas eram cobertas por Rony e Scarpa. Na cobertura, Marcos Rocha e Piquerez. Luan e Gòmez anularam Lukaku. Na proteção da zaga, Danilo e Zé Rafael fechavam pelo meio. Estava muito complicado para o Chelsea furar a defesa alviverde. Tão complicado que a melhor chance londrina aconteceu aos 45′: um chute de Thiago Silva de fora da área, que passou perto.
O Chelsea tinha mais posse de bola porque a recuperava rapidamente. O Palmeiras se fechava com uma linha de cinco. Tuchel se viu obrigado a estruturar a equipe num 3-3-4. Com dois pontas em profundidade, a bola alçada à área alviverde poderia ser uma saída ao time inglês, e foi. Hudson Odoi fez um cruzamento perfeito para Lukaku abrir o placar no segundo tempo.
Var em ação
Os outros dois gols da partida, originados das marcações do VAR, são detalhes. Thiago Silva não seria vilão porque era um dos melhores em campo. Luan também não deve ser criminalizado. Ele deu azar, a bola bateu na mão dele num chute de curta distância. Acontece, é o futebol e faz parte do novo protocolo de arbitragem — que nem é tão novo assim. Mas é importante ressaltar: o mesmo critério foi utilizado nos dois lances.
Mesmo que o Palmeiras tenha feito um primeiro tempo equilibradíssimo e crescido após o empate — numa cobrança perfeita de Raphael Veiga —, no geral o Chelsea foi melhor, principalmente na prorrogação. A questão física fez a diferença, pois manteve a equipe londrina com a bola para administrar e desgastar ainda mais o adversário.
Abel merecia mais, mas Tuchel tinha melhores opções
O Palmeiras teve uma atuação digna. Fez um jogo perfeito contra o Al Ahly e teve o mesmo ímpeto contra o Chelsea. Faltou aproveitar as chances que teve contra os londrinos. Aliás, o banco de reservas também fez diferença — o dos Blues é bem mais forte que o do alviverde.
Só que esse jogo diz muito sobre o trabalho de Abel Ferreira. Jovem, vai consolidando como um dos maiores — se não o maior — treinadores da história do Palestre. Ele tem muito a oferecer ao futebol brasileiro e, principalmente, ao clube.