O que deveria ser uma oportunidade para testar peças da Seleção se tornou uma prova para situações adversas: jogo na altitude de Quito (2.850 metros acima do nível do mar), com um jogador a menos desde o início e diante de uma arbitragem caótica. Assim, fica até difícil construir uma análise em meio a tantas confusões.
Até os 15′ do primeiro tempo, a Seleção Brasileira fazia um bom jogo. Vencia por 1 a 0 e o adversário tinha acabado de ter um jogador expulso.
O Brasil abriu o placar a partir da insistência de Vinícius Jr. para roubar a bola na linha de fundo e da inteligência de Coutinho, que poderia ter deixado a bola sair e ganhar o escanteio, mas ele aproveitou a desorganização da defesa adversária e do volume de jogadores brasileiros na área para cruzar. Casemiro aproveitou a sobra.
A expulsão adversária nasce de um lançamento perfeito de Fred a Cunha — jogada tem sido feita com frequência nos jogos pela Seleção, além de ser muito utilizada no Manchester United.
Em questão de segundos, a Seleção foi das luzes às trevas. Aos 16′, no lance seguinte, Emerson Royal levou o segundo amarelo e foi expulso — ele levou o primeiro com 1 minuto de partida. O lateral teve um dia ruim, assim como Militão, e por conta de um jogo não deve ser descartado dos planos da Copa.
Tite imediatamente improvisou Fred na direita, mas cinco minutos depois sacou Coutinho — que teve o teste mais prejudicado — e lançou Daniel Alves, que fazia trabalho dobrado na armação de jogadas pelo meio.
Até o intervalo o Brasil foi segurando as pontas, mas voltou para o segundo tempo muito mal. A defesa estava confusa, o jogo nervoso e a arbitragem sem controle algum, absolutamente apoiada no VAR.
Foi por meio da bola parada que o Equador encontrou o empate. Aliás, esse tipo de jogada tem sido o maior motivo de preocupação de Tite. Nos treinos, o trabalho é mais dedicado nesse sentido, e em jogos passados já era possível observar a reação dos defensores brasileiros quando neutralizavam o ataque adversário: comemoravam muito porque colocavam em prática o que haviam trabalhado durante a semana.
O Brasil apostava no contragolpe. Sem meia de articulação, precisava armar as jogadas pelos lados. Na esquerda, Vinicius Jr. estava desgastado porque também atuava na marcação. Na direita, Raphinha não foi bem, o que demonstrou uma queda significativa de rendimento após um início fulminante pela Seleção. Tite lançou Antony, Gabriel Jesus e Gabigol. Até criaram algumas chances, mas não o suficiente para desequilibrar.
De fato, não era o que Tite estava esperando. Foi um teste para saber como o Brasil se adaptaria às condições adversas impostas pelo próprio jogo, e o resultado final não foi bom. A péssima arbitragem contribuiu para o cenário caótico da partida, e complica qualquer ação previamente planejada.
Quantos às peças que foram testadas, algumas merecem mais oportunidades: casos de Royal, Militão e até de Coutinho. Embora tenha saído como vilão, Emerson é bom jogador, e a lateral-direita da Seleção não é um caso perdido. Danilo, por exemplo, é seguro defensivamente, e hoje é mais criticado porque não oferece o apoio exigido pela opinião pública no ataque.