“Cruzeiro é um paciente em estado grave, e estamos oferecendo o tratamento”. Ao assistir a primeira entrevista de Ronaldo como gestor do Cruzeiro, deu para ter uma ideia ainda mais esclarecedora sobre o tamanho da crise financeira da SAF. E mais do que isso: definiu bem o contraste de perfis que há entre investidores e mandatários.
Segundo Ronaldo, a dívida cruzeirense passa da casa do bilhão, e os próximos anos serão dedicados prioritariamente aos ajustes financeiros da SAF. Em outras palavras, não haverá muitos investimentos no futebol, o que acaba deixando em segundo plano — ou como consequência — o retorno à Série A.
Ronaldo também falou sobre a saída de Fábio, e sua versão contradiz a do goleiro. “Fábio foi e vai ser sempre um ídolo pro Cruzeiro e pra torcida cruzeirense. Nós diante do cenário atual fizemos um esforço muito grande para oferecer uma proposta decente a ele, respeitando a sua história no clube, a sua trajetória. E infelizmente durante a negociação, houve uma negativa por parte dele, o que também nos pegou de surpresa. Mas entendemos que todo o sacrifício que deveríamos ter feito, foi feito. E temos que virar a página, seguir adiante”, disse o sócio do Cruzeiro.
O depoimento de Fábio diz exatamente o oposto. Ele teria proposto a redução do salário e o clube não gostaria de prosseguir com o atleta. Uma das duas partes não está sendo verdadeira, e isso é ruim para o clube. Cria atrito com o torcedor e desgasta atual imagem da instituição — mais do que já está.
Fábio é o maior ídolo da história do Cruzeiro, e sua saída abriu discussões sobre o papel dos investidores que estão à frente das SAFs. De um lado da balança, fica os ajustes financeiros do esporte. Do outro, o tradicionalismo cultural, enriquecido durante a história do clube.
São conflito de ideias, e pensando na história do Cruzeiro e o momento crítico pelo qual passa, a maneira com a qual Fábio sai é prejudicial para ambas as partes.