Em 2021, a Hyundai está nadando de braçada. O HB20 é, no acumulado do ano, o modelo mais vendido no varejo (sem contar empresas e locadoras) em todo o Brasil, com total de 62.315 unidades. Já o Creta, figura no pódio dos SUVs mais emplacados de outubro – perde apenas para os Jeep Compass e Renegade. Isso, contudo, é fruto da repaginação que o modelo ganhou recentemente. Inclusive, tem motor novo e design chamativo. Nesse sentido, a fim de entender o motivo de tanto frisson, resolvemos avaliar a versão Platinum, de R$ 147.590.
A respectiva configuração é o topo do modelo com a tão esperada motorização 1.0 turbo – já presente no HB20 há dois anos. Acima dele, apenas o Ultimate (R$ 163.890), com o conhecido motor 2.0 e tecnologias de última geração, como controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma, assistente de permanência em faixa e farol com regulagem automática.
Voltando ao modelo avaliado, destaque para o visual polêmico. Tem gente que achou feio, entretanto muitos gostaram da nova identidade. Seguindo os passos de modelos como Fiat Toro e Citroën C4 Cactus, o SUV da Hyundai tem faróis posicionados abaixo das luzes iluminadas por LEDs – que baseiam a tampa do motor. A grade é cheia de elementos tridimensionais, mas continua com o formato hexagonal de outrora. Beleza é algo relativo, mas é inegável que, com tais credenciais, o modelo fugiu à mesmice da categoria.
Atrás, a mesma receita de seguir linhas desformes no conjunto óptico. As lanternas têm formato indefinido e é dividida em quatro partes. As rodas são de extremo bom gosto e têm acabamento diamantado e 17 polegadas. Nas demais configurações, entre 16″ e 18″.
Por dentro
Com excelente acabamento e revestimento com couro nos bancos (o do motorista tem até ventilação) e nas portas, a versão Platinum 1.0 do Hyundai Creta se destaca pelo teto solar panorâmico e pela telona de 10,25″. É a maior da categoria. O grafismo não é dos mais atuais, também não tem internet a bordo, como o rival Chevrolet Tracker, mas oferece conexão Apple Car Play e Android Auto e câmera 360 graus.
No pacote ainda estão freio de estacionamento por botão e painel de instrumentos digital de 7″. Suas cores, inclusive, mudam de acordo com o modo de direção escolhido – vai do econômico ao mais esportivo. A mudança, na prática, não é tão gritante, mas no modo Sport, por exemplo, o carro fica de fato mais agressivo.
Mais equipamentos
Um item diferenciado (porém, nada prático) é o acionamento da câmera externa para mudança de faixa. Funciona assim: quando a seta é acionada, as imagens captadas por câmeras localizadas embaixo dos retrovisores externos captam toda a movimentação. Seria uma espécie de substituto do espelho retrovisor. Mas vai da confiança do motorista. A tecnologia, entretanto, (já usada na Honda) não é tão prática quanto o sensor de ponto cego convencional, por exemplo.
De resto, seis air bags, controles de estabilidade e de tração e sistema de monitoramento dos pneus estão entre os itens de série do Creta Platinum. Para a ergonomia, por fim, o SUV feito na fábrica da Hyundai em Piracicaba (SP) tem ajustes de altura e profundidade do volante e regulagem de altura para o banco do motorista (por meio de alavanca).
Dá pra ver o que acontece ao redor do carro
Mas a tecnologia de ponta não é só mérito da configuração mais cara. A versão aqui avaliada também tem carregador wireless para celular, chave presencial e ar-condicionado automático digital com saídas traseiras.
Tem, ainda, a conectividade Bluelink, que oferece serviços de rastreamento e recuperação veicular. Dá, inclusive, para comandar algumas funções por meio do smartphone, como ajustar a temperatura do ar-condicionado antes de entrar no carro ou mesmo acessar o sistema de câmeras. Sim, dá para ver o que está acontecendo ao redor do carro apenas pelo aplicativo. Mensalidade parte de R$ 29,90.
Ao volante
Produzido sobre a mesma plataforma de antes, que também dá base para os irmãos HB20 e HB20S, o Creta leva sob o capô dianteiro o motor 1.0 Turbo GDI. Com 3 cilindros, gera potência máxima de 120 cv. O câmbio é automático de seis velocidades.
Durante nossa avaliação foi possível constatar o bom comportamento do conjunto. O torque de 17,5 kgfm, entretanto, deixa um pouco a desejar em determinados momentos. Mesmo já disponíveis a 1.500 rpm, titubeia dependendo da situação. Mas, por mérito do turbo, enche rápido e, quando embala, tem fôlego de sobra.
Um ponto a elogiar é o sistema de suspensões. Mesmo em pisos irregulares, nada de bater seco ou incomodar quem está a bordo. O isolamento acústico também agrada, assim como o espaço entre-eixos de 2,61 metros e o porta-malas, que leva até 422 litros. São 9 litros a menos que o Creta antigo, que se mantém como SUV de entrada da marca na linha Action (R$ 104.590), com o antigo motor 1.6 16V.
Por fim, se você procura economia de combustível, o Creta pode não ser a melhor escolha. Durante nosso teste, o consumo combinado ficou na média de 8 km/l. Não é ruim, mas está longe de ser dos melhores da categoria.
Ficha Técnica – Hyundai Creta Platinum 1.0
Preço: R$ R$ 147.590 (base São Paulo)
Motor: 1.0, 3 cilindros, turbo (Flex)
Potência: 120 (gasolina/etanol) a 6.000 rpm
Torque: 17,5 (gasolina/etanol) a 1.500 rpm
Câmbio: Automático de 6 velocidades
Peso (ordem de marcha): 1.270 kg
0 a 100 km/h: 11,5 segundos
Velocidade máxima: 180 km/h
Porta-malas: 422 litros