O Brasil é ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio!
A promessa era de jogo bom. A Espanha levou a Tóquio seis jogadores que disputaram a Eurocopa e, assim como o Brasil, trata-se de um time experiente, com muitos talentos das grandes ligas europeias, porém bastante desgastado. Final de temporada, pós-Euro e vinda de duas prorrogações.
Quando duas equipes que gostam de ficar com bola se enfrentam, a marcação se torna o diferencial da partida. A Espanha, surpreendentemente, começou o jogo subindo as linhas de marcação, com muita intensidade. O Brasil precisou se segurar atrás e até tentou trabalhar a posse de bola, mas os espanhóis não deram espaços nos primeiros 15 minutos.
A medida que o tempo ia passando, todo aquele gás espanhol ia diminuindo e a Seleção Brasileira crescia no jogo. Pelos lados, era forte com as chegadas de Anthony, pela direita, e Arana, pela esquerda.
Não era a noite de Richarlison em Yokohama, mas eram os Jogos Olímpicos dele. Artilheiro e principal jogador da competição, esteve pilhado em toda a decisão e isso o afetou negativamente: perdeu um pênalti, o que evidenciou que não tinha condições emocionais de bater, e perdeu uma ótima chance no segundo tempo, mas por detalhes de um leve desvio de Unai Simon e do travessão.
Outro destaque do Brasil e que deve chamar a atenção de Tite é Matheus Cunha. Autor do primeiro gol brasileiro, possui características que atualmente são carentes no futebol brasileiro. O camisa 9 foi um dos melhores em campo contra a Espanha.
A Espanha melhorou muito no segundo tempo, com as entradas de Soler e Bryan Gil — este na vaga de Ascensio, muito apagado. Pelo lado direito, o time espanhol cresceu e chegou ao empate. Jogada de Soler para Oayarzabal definir, num contragolpe em que Daniel Alves ficou pelo caminho e não conseguiu acompanhar o atacante.
Na prorrogação, a Espanha continuou criando as chances mais perigosas. O Brasil, bastante desgastado oferecia muitos espaços ao adversário, que parou duas vezes, praticamente em sequência, no travessão.
O fato de o Brasil fazer apenas uma substituição em 105 minutos impacta diretamente no desgaste físico de todos os atletas. Entendo o conservadorismo de Jardine, de evitar com que o a Seleção perdesse volume de jogo no ataque, mas é um risco desnecessário. Esperar algum evento acontecer, como um gol brasileiro ou espanhol, para tomar uma ação é totalmente evitável. Felizmente, a estratégia deu certo.
Se a noite não noite era de Richarlison, era de Malcom. Convocado para os Jogos Olímpicos de última hora — antes não havia conseguido a liberação do Zenit, mas insistiu aos dirigentes russos após tantas baixas no Brasil — entrou muito bem na prorrogação e fez o que podemos chamar de golden gol.
O Brasil é bicampeão olímpico, e vários jogadores passam a fazer parte do radar de Tite. É uma geração de ouro, com nomes que podem brilhar no Catar.