Sendo o único piloto negro da história da Fórmula 1, Lewis Hamilton está se consolidando cada dia mais como uma figura importante na luta contra o racismo e na representatividade dentro de um esporte extremamente elitista e branco.
Foi no final da temporada de 2019, após ver a foto de equipe majoritariamente branca, que começou a pensar em como poderia ajudar a mudar esse cenário. A partir disso nasceu o ‘The Hamilton Commission’ (Comissão Hamilton, em português) em parceria com a Royal Academy of Engineering do Reino Unido, com o objetivo de estudar como aumentar a representatividade e a inclusão de profissionais negros no automobilismo e em toda a cadeia das equipes de Fórmula 1.
Após dez meses de pesquisas, análises e investigações, na última segunda-feira (12) foi publicado o primeiro relatório. “Através deste relatório, sinto que temos uma compreensão mais clara do que está impedindo a indústria do automobilismo de ser verdadeiramente representativa. Estou comprometido em transformar essas recomendações em ações e em fazer mudanças reais e duradouras para melhor”, disse Lewis Hamilton. Um dos pontos importantes publicados no relatório é que apenas 1% dos trabalhadores da Fórmula 1 tem origens pretas.
Dentre outras recomendações publicadas com o objetivo de promover essa mudança, estão:
∙ Pedir às equipes de F1 e outras organizações do automobilismo que assumam a liderança na implementação de uma carta de diversidade e inclusão para o automobilismo;
∙ Convocar as equipes de F1 e organizações de automobilismo para ampliar o acesso ao automobilismo, expandindo os programas de aprendizagem e experiência de trabalho;
∙ Criação de um novo fundo de inovação para desenvolver programas que reduzam a proporção de alunos de origem negra que estão sendo excluídos das escolas;
∙ Apoiar novas abordagens para aumentar o número de professores negros em disciplinas como ciências, tecnologia, engenharia e matemática;
∙ Lançar programas de bolsa de estudos para ajudar negros graduados em engenharia a progredir para funções no automobilismo.
Reação da Fórmula 1 à publicação do relatório
Apesar de anunciarem como parte da campanha ‘We Race As One’ que já acontece desde o ano passado, a Fórmula 1 reagiu hoje, seguido da publicação do relatório da ‘Comissão Hamilton’, e anunciou algumas ações que irá colocar em prática a curto prazo para tornar o esporte mais inclusivo para minorias sociais.
A primeira ação será fornecer dez bolsas de estudos que cobrem o valor integral da mensalidade do curso na área da engenharia para grupos sub-representados, tais como minorias étnicas, mulheres e pessoas de origens humildes. Os bolsistas iniciarão suas aulas em setembro de 2021, sendo parte dos cursos de graduação no Reino Unido ou de mestrado na Itália. Além disso, todas as 10 equipes do grid se comprometeram a oferecer uma oportunidade de experiência de trabalho para um estudante durante seu período de curso.
A segunda ação por parte da Fórmula 1 será contratar dois aprendizes (algo similar ao programa “Jovem Aprendiz” que temos no Brasil) de grupos sub-representados para a organização das corridas em 2021. O programa também terá início em setembro e terá como foco a engenharia mecânica.
A terceira e última ação será oferecer um cargo dentro da organização da F1 em 2021 para seis estagiários de grupos sub-representados. Dois dos seis cargos já foram pré-estabelecidos para a área de Marketing e Motorsport.
“Tenho o prazer de anunciar que bolsistas, aprendizes e estagiários terão a chance de realizar seus sonhos na Fórmula 1 e sei que eles terão um futuro brilhante pela frente. Quero agradecer especialmente a Chase [Carey], cuja generosa doação está financiando as 10 bolsas de estudo. Nossa campanha #WeRaceAsOne é nosso compromisso em fazer mudanças reais e mostra nosso reconhecimento de que sabemos que devemos fazer uma contribuição positiva para o mundo em que vivemos. Todas as equipes estão comprometidas com isso e o trabalho da Comissão Hamilton mostra a dedicação para abordar essas questões na Fórmula 1”, declarou o presidente e CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali.