Sylvinho conseguiu a primeira vitória como treinador do Corinthians. Fora de casa, o time do Parque São Jorge bateu o América-MG, por 1 a 0, gol de Fábio Santos (de pênalti). Após três jogos, já possível fazer uma avaliação mais aprofundada das propostas do novo técnico.
Em sua estreia no Brasileiro, frente ao Atlético-GO, já era possível observar o Corinthians com marcação alta e apostando em ligações diretas, mas que também apresentava muitos buracos na defesa. Na Copa do Brasil, diante do mesmo adversário, os mesmos erros defensivos reapareceram — todos a partir de más decisões dos defensores.
Nesses dois jogos, Sylvinho mostrou que tem boas ideias para o Corinthians, mas que não tem elenco para isso. Na Europa, contaria com jogadores que correspondessem à intensidade que o treinador tanto almeja para equipe. No alvinegro, fica complicado com um grupo cujo nível técnico é limitadíssimo.
Já neste terceiro jogo, contra o América-MG, uma impressão que eu tinha sobre seu trabalho foi confirmada. Sylvinho chegou ao Corinthians com o discurso de que iria “resgatar a identidade do clube”. Partindo do histórico do treinador, que trabalhou com Tite e Carille, já era possível pensar que a marcação seria o forte dessa equipe.
O Corinthians de Sylvinho marca com duas linhas de quatro no meio-de-campo — por enquanto esqueça o esquema de três zagueiros. Os jogadores apenas fecham a linha de passe e esperam a iniciativa do adversário para retomar a posse de bola. Dois atletas jogam como pontas-de-lança na armação dos contragolpes: Mosquito e Araos (função que também pode ser exercida por Vital). Luan, como falso nove, flutua e distribui passes.
A saída de bola, no entanto, ainda é muito ruim, e depois do meio-de-campo o Corinthians também apresenta dificuldades. O que faz a diferença na partida são as jogadas individuais, como fez Mosquito ao conseguir um pênalti — aliás, o atacante alvinegro provocou os últimos três penais marcados a favor do alvinegro.
Daqui em diante o Corinthians deve seguir com a mesma postura que teve hoje. Trata-se de um time que tem dificuldades para criar jogadas, mas que quando abre o placar, num detalhe do jogo, se fecha totalmente na defesa. Uma vitória por 1 a 0 é um resultado muito comemorado, como se fosse goleada.
O problema é quando o adversário marca o gol primeiro, ou então, quando é obrigado a marcar dois gols, como exige o duelo desta quarta-feira contra o Atlético-GO.
Se Sylvinho seguir nessa linha, pode ter uma temporada satisfatória. Os últimos treinadores que chegaram ao clube com ideias para o Corinthians propor o jogo e ser mais ofensivo não foram bem. Vagner Mancini, no fim do ano passado, até teve um momento de sucesso, que fez o Corinthians ascender na tabela do Brasileiro 2020, mas porque o time era mais defensivo e levou apenas um gol em seis jogos. O problema foi quando resolveu atacar.