Em setembro do ano passado, o Chevrolet Trailblazer chegou reformulado à linha 2021. As mudanças foram sutis. Além de leve retoque na dianteira – pegando carona na irmã S10 -, teve upgrade na lista de equipamentos e mudanças no motor 2.8 turbo diesel, datado de 2012. Hoje, o SUV é vendido apenas na configuração de acabamento Premier, que custa salgados R$ 317.600.
Para justificar o preço alto, o concorrente de Toyota SW4 (o Mitsubishi Pajero sairá de linha em breve e, por isso, não vai entrar nessa conta), já vem de série com sistema Chevrolet MyLink com tela de 8″ e conexão Apple CarPlay e Android Auto sem fio. Tem wi-fi nativo a bordo (pago a parte em plano mensal, mas que funciona nos lugares mais inóspitos e conecta até sete dispositivos ao mesmo tempo) e saídas de ar-condicionado para todas as fileiras de assentos. Aliás, ponto para a praticidade de acesso à última fila de bancos.
Na lista, tem ainda sistema de frenagem autônoma de emergência (entre 8 km/h e 80 km/h) que também detecta pedestres. Por outro lado, o SUV que ultrapassa a barreira dos R$ 300 mil (aliás, aumentou quase R$ 20 mil em apenas um mês), sequer tem chave presencial ou freio de estacionamento por botão. A tampa do porta-malas (que vai de 205 litros a 1.830 l) também poderia ter fechamento elétrico, afinal, é pesada e alta.
Deméritos e méritos do SUV da Chevrolet
Com tamanha imponência, preço alto e tanta tecnologia de ponta, o Trailblazer poderia ter mais capricho no interior. Apesar de bem acabado e funcional, o habitáculo cheio de plástico não faz jus à categoria. A simplicidade do quadro de instrumentos também poderia ser revista. Gráfico monocromático é coisa do passado.
Por outro lado, sistema de partida remota é uma das soluções que merecem destaque no Chevrolet Trailblazer. Afinal, nada como poder acionar o ar-condicionado antes de entrar no carro, estacionado sob sol forte. Essa é uma das várias funções disponíveis no aplicativo myChevrolet.
Para completar a lista de série, cabe destacar itens como rodas de 18 polegadas, câmera de ré e o sistema de atualizações remotas (Over the Air). Na segurança, os já existentes seis air bags e controle eletrônico avançado de estabilidade e de tração. Tem, nesse sentido, sensor de chuva e crepuscular, assistente de partida em rampas e sistema de monitoramento da pressão dos pneus.
A bordo
Na frente, além de porta-objetos para todos os lados, não é difícil encontrar a melhor posição de dirigir. Ponto para a ergonomia auxiliada pelos ajustes elétricos do banco do motorista. O volante tem boa empunhadura e amplitude de funções. Na parte de trás, ocupantes têm o privilégio de saídas individuais de ar e um amplo espaço interno, conferido pelos 2,85 metros de entre-eixos. Entretanto, na última fileira, adultos não devem fazer grandes viagens. Fica ligeiramente apertado.
Apesar de estarem sentados sobre confortáveis bancos de revestimento premium, os ocupantes do modelo da Chevrolet não escapam dos chacoalhões ao longo do caminho. Resultado da construção cabine sobre chassis, o SUV de sete lugares acaba rolando bastante em curvas – algo natural num veículo deste porte, por causa do centro de gravidade alto.
Ao volante, no entanto, o Trailblazer é bem macio. Para ajudar na condução, tem alertas colisão frontal, de ponto cego, de saída involuntária de faixa e de tráfego cruzado. Engate com linha-guia específica e controle eletrônico de oscilação do trailer – minimiza instabilidade por meio da ativação dos freios – também fazem parte do pacote.
Comportamento
O sistema de suspensão independente nas quatro rodas escolhido pela fabricante merece elogios. Estradas de terra são um cenário perfeito. Buracos, pedras ou erosões, nada abala esse grandalhão, que tem boa altura do solo e não raspa o nariz em qualquer canto, como a maioria dos SUVs menores.
E mesmo em trechos nível hard, a tração 4×4 com opção de reduzida (acionada por meio de botão giratório) topa qualquer parada. Para descidas, todavia, tem sistema de controle em declives. Ou seja, nem é preciso pisar no pedal da esquerda – o carro faz tudo sozinho quando sente que está em trecho inclinado.
Motor e potência
Assim como em sua estreia no Brasil, o grandalhão da Chevrolet, contudo, vem equipado com motor 2.8 turbo diesel. São 200 cv e 51 kgfm de torque – a breves 2.000 giros. São números empolgantes que, aliás, se mantiveram, mesmo com troca de turbina e revisão de software da central eletrônica – feitos pela engenharia para a linha 2021. Este último, de acordo com a marca, serviu para tornar as acelerações mais progressivas, reduzindo o efeito turbo lag comum a veículos com torque elevado.
Considerando que o SUV da GM tem 2.161 kg, a facilidade de condução surpreende. Até os 100 km/h, por exemplo, são gastos 10,3 segundos. A 120 km/h, limite máximo das estradas brasileiras, chega perto dos 2.000 rpm. Com o auxílio do câmbio automático de seis marchas, tem consumo razoável. Nesse sentido, fez média de 10,7 km/l durante nossa avaliação por trechos mesclados de cidade e estrada. Inclusive, chegou a picos de 13 km/l.
Ficha Técnica - Chevrolet Trailblazer Premier
Motor | 2.8, 16V, duplo comando de válvulas, turbo diesel, quatro cilindros em linha |
Potência | 200 cv a 3.400 rpm |
Torque | 51 kgfm a 2.000 rpm |
Câmbio | Automático, seis marchas |
Tração | 4x4 com reduzida |
Dimensões | 4,89 metros (comp.); 1,90 m (larg.); 1,84 m (alt.); 2,85 m (e-e) |
Tanque | 76 litros |
Peso | 2.161 kg |
Porta-malas | 205 litros a 1.830 litros |