Houve uma época em que o São Paulo tinha uma administração de enorme destaque no país. Dizia-se muito que era um clube que “estava à frente do tempo”. Por um longo período, esse trabalho deu grandes frutos.
Na última década, por outro lado, a realidade tricolor era bem diferente. Se tratando de gestão, foi, inclusive, apontado como um clube ultrapassado. Nesses últimos anos, o São Paulo acumulou vexames, erros e polêmicas — como esquecer do episódio em que Carlos Miguel Aidar, então presidente, foi à nocaute com um soco dado pelo vice, Ataíde Gil, em 2015? Era o puro reflexo da agremiação.
Agora, a história do São Paulo indica um novo rumo. Há uma nova diretoria e, consequentemente, um novo planejamento. Logo no início da gestão, veio uma realização: a conquista de um título, após o longo período de nove anos em jejum.
O projeto Campeonato Paulista
A conquista do Estadual era prioritária. É óbvio que torneio não tem o mesmo peso de um Brasileiro ou de uma Libertadores; mas é uma conquista. São os títulos que fomentam o futebol, independentemente do peso que têm ou se são definidos em apenas dois jogos — como Recopa e Supercopa. Ser campeão é passar a viver em uma nova realidade.
É preciso destacar alguns personagens importantes para a condução do projeto. O primeiro deles é Muricy Ramalho, o ponto de encontro entre comissão técnica, diretoria e torcida. Ele foi determinante para a escolha do comandante do São Paulo na temporada. Nesse caso, houve um processo seletivo, uma análise mais aprofundada do perfil do novo treinador e o exercício de explicar a cultura do clube.
O segundo é Crespo. O treinador deu nova cara ao São Paulo, com uma uma proposta de futebol agradável. É aquela diferença do profissional que tem a ‘mentalidade’ do futebol europeu. Como jogador, dispensa apresentações: disputou Copa do Mundo, jogou em um dos melhores Milans de todos tempos, foi multicampeão nacional com a Inter, campeão da Premier League com o Chelsea… Essa bagagem faz diferença, e só agrega ao nosso esporte.
É claro: herdou um time pronto, bem montado por Diniz; mas o argentino deu ao São Paulo resultados. Fez justamente o que o antecessor não fez: variou o time. O tricolor deixou de ser uma equipe previsível — até por isso não sentiu as principais ausências de Daniel Alves e Benítez.
E Crespo já é um treinador vitorioso, que tem grande potencial a despontar no esporte. Em pouco tempo, já ganhou a Sul-Americana e o Paulista. Pode ir além.