Na vida precisamos de coragem para muitas coisas, ainda mais quando temos um veículo de luxo, que custa 850.000 e temos que decidir entre ir ou não a um lugar que precisará rodar no fora de estrada com ele, caminhos onde somente um 4×4 passaria.
Avaliar as condições deste caminho é realmente o melhor a se fazer antes de passar por ele, quando podemos, mas se for preciso ir, vá com cautela e ouvidos atentos. Foi o que fiz com o Mercedes Benz AMG GLC 63 S Coupê. Rodei fora do asfalto com esse monstruoso esportivo e compartilho o resultado com vocês.
Confesso que o desafio maior foi meu, pessoal, e não do carro, pois as erosões, cascalhos, subidas e descidas de montanhas, chegando aos 1200 metros do nível do mar, não conseguiu desafiar, tão pouco tirar o fôlego e desenvoltura desse modelo 100% esportivo.
Recursos esportivos que ajudaram a vencer sem nenhuma dificuldade, os caminhos off-road da Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas Gerais. Principalmente pelo sistema de tração 4Matic AMG que distribui o torque em 31:69 entre o eixo dianteiro e traseiro na mesma ordem dos números.
A potência de 510cv tirou onda com baixa rotação nas subidas íngremes das montanhas, fazendo parecer estar andando em pista plana, já que entrega 70kgfm de torque a partir de 1.750 rpm desse V8 bi-turbo movido a gasolina que mora em baixo do capô e que tem um ronco maravilhoso que ecoa sobre a floresta da serra.
Em seus modos de condução, não encontrei a opção “off-road”, apenas Comfort, Sport, Sport + e a Race, provando que seu lugar é no bom asfalto e não na terra. Mas importante dizer que mesmo não sendo feito para o fora de estrada, conseguiu com louvor chegar a lugares onde alguns 4×4 não chegariam com tanta facilidade, conforto, tão pouco com o mesmo estilo que ele me levou.
O que mais me causou preocupação foram os pneus de perfil finos demais (265/40 na frente e os 295/35 atrás) poderem sofrer algum corte ou avaria nas belíssimas rodas de 21 polegadas AMG, que diga-se de passagem, empoeiradas ficaram ainda mais belas. Tive trechos com bastante cascalho solto e o modelo não conta com estepe, já que são pneus com tecnologia run flat, com isso, um corte seria prejuízo grande para qualquer pessoa. Só para constar, existe apenas um compressor no porta malas, mas ainda bem que não precisei usá-lo.
Diante da experiência, posso garantir que não aconteceu nenhuma avaria ao modelo e depois de um belo banho, estava como novo, pronto para queimar pneu em algum asfalto por aí, levando em seu computador de bordo, boas lembranças da semana de folga na Mantiqueira.
Alguns podem até achar um absurdo colocar esse modelo no fora de estrada e que nenhum proprietário faria isso, mas se souber avaliar os riscos e limites, provamos que é possível sim, sem nenhum problema, bastando estar possuído de coragem e também um pouco de experiência. Existem aqueles que pensam o oposto, que carro foi feito para usar e quem tem dó é violão.
Aproveito para agradecer o time da Mercedes-Benz do Brasil em ter confiado essa maquina luxuosa que provou ser um SUV (Sport Utility Vehicle – Veiculo Utilitário Esportivo) genuíno.
Dica do especialista: Normalmente recomendo baixar a pressão dos pneus originais e não apropriados para o fora de estrada aumentando assim a área de contato com o solo. Neste caso especifico, por se tratar de um veiculo potente e pneus de bandas muito estreitas, sugiro mantê-los com a pressão recomendada, evitando a barriga em uma lateral que já é muito fina. Deverá redobrar a atenção no campo de visão, deixando os pneus sempre em cima das pedras e nunca ao lado das pedras que possam causar algum corte lateral, pois mesmo o pneus sendo run flat, dependendo do corte, não será seguro trafegar por rodovias, por exemplo.