Com as 874 mortes por Covid-19 registradas nas últimas 24 horas, o Brasil totaliza quase 463 mil óbitos desde o início da pandemia.
A Argentina, com bem menos, 77 mil mortos, se negou a sediar a Copa América. E o governo brasileiro abriu os braços para receber o torneio: a Cepa América. O fato de a Conmebol agradecer o presidente da República do Brasil pela agilidade para realocar a competição é o maior tapa na cara que poderíamos levar.
É revoltante! Ainda mais após os depoimentos dados na CPI da Covid-19, com documentos apresentados, de que o governo recusou — e ignorou — ofertas que ultrapassam a marca de 100 milhões de doses de vacinas. Pesquisadores já afirmaram que pelo menos 95 mil vidas já teriam sido salvas se essas propostas não fossem ignoradas pelo governo. Em menos de 12 horas, o presidente do Brasil disse ‘sim’ para a Copa América no país.
Apoiadores bolsonaristas se apoiam no discurso de que essa indignação é hipócrita, visto que por aqui já acontecem jogos da Libertadores, Sul-Americana, Estaduais, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil… E que um torneio a mais não faria diferença; mas faz!
A Copa América não é um torneio qualquer. É óbvio que vai ter público na final, como foi aquela bagunça na decisão da Libertadores 2020. No estádio, estarão convidados da organização e dos patrocinadores, além de outros torcedores. Além disso, é um evento atrativo. O Brasil receberá ainda mais turistas.
A realização da Copa América é de uma irresponsabilidade sem fim; mas nada mais me surpreende, afinal, no país do futebol a saúde fica em segundo plano. Ofertas de vacina podem ser recusadas, mas uma decisão do governo dada ao presidente da CBF e à Conmebol precisa ser ágil.