Founder da brasileira FuelTech, Anderson F. Dick é a persona por trás da empresa gaúcha que se consolidou no Brasil como líder do mercado de injeções eletrônicas e está hoje entre os maiores players no disputado mercado norte-americano. Sonha alto e quer consolidar a FT como a melhor one-stop-shop do mercado de preparações de carros.
Esta semana tive a oportunidade de conversar com Anderson Frederico Dick, gaúcho de 40 anos nascido em Santa Cruz do Sul que fundou a FuelTech (FT) em 2003. A FT é líder no mercado brasileiro de injeções eletrônicas e está desde 2009 com operação overseas nos EUA. Ele decidiu abrir a FuelTech USA para testar tração do seu lineup no mercado mais competitivo do mundo e em 2014 estabeleceu mais fortemente a estrutura da FuelTech USA no estado da Georgia.
Segundo ele a paixão começou na adolescência nos anos 90, quando era apaixonado por revistas automotivas e por corridas. Essa paixão o levou à faculdade de engenharia em Porto Alegre, e podemos dizer que a FT começou a tomar forma em sua cabeça de empreendedor após um plano de trabalhar na Alemanha não dar certo. Foi aí que pensou em como colocar em prática o plano de juntar a paixão por carros com um business que tivesse tração comercial.
Como todo empreendedor, Anderson possui boas histórias para contar de seu início. A mais interessante foi quando conseguiu vender seu primeiro produto, ainda um MVP (minimum viable product) a um colega e o instalou no carro dele. Entretanto, por ter invertido a polaridade de dois fios, os bicos injetores ficaram ligados sem parar e o motor sofreu um calço hidráulico… O conserto do carro do colega saiu bem mais caro que o preço de venda do MVP e foi pago em parcelas, mas que renderam um aprendizado e boas risadas até hoje!
Uma das primeiras perguntas a serem feitas a ele é por que seus produtos são os preferidos pela grande maioria dos preparadores e donos de carros “tunados”. Muito polidamente, Anderson tangencia a resposta, mas uma pesquisa mais detalhada neste universo de preparações de carros nos traz a resposta de que o sucesso comercial não é apenas uma questão de investimento em marketing. O grande driver é que a performance dos produtos da FT é superior. Na conversa com ele descobrimos que a FT, que tem algo como 135 funcionários no Brasil, possui uma equipe de mais de 30 engenheiros em seu P&D. Notável equipe que, somada ao pessoal de pós-venda, gera uma experiência interessante aos usuários. Uma comparação simplista poderia ser dizer que Anderson Dick está para a FT assim como Elon Musk estava para a Tesla.
Uma característica interessante que se depreende da entrevista é a filosofia que o founder estimula e cuida pessoalmente na FT: ser honesto, fazer bem feito, fazer o bem, não mentir e devolver à sociedade tudo que de bom recebeu até agora nesta carreira de sucesso como empreendedor. Valores advindos da família de descendentes alemães, que o forjaram como pessoa e que ele vive tanto no contexto de negócios como nas relações interpessoais. Ele não tem medo de contratar pessoas melhores que ele; pelo contrário, acredita que isso é fundamental para o crescimento da empresa. Além disso, não tem vergonha de admitir publicamente que sem o apoio de sua esposa não teria chegado onde chegou. Foi ela que nos momentos difíceis o ajudou a colocar a cabeça no lugar, não reagir com o fígado, pivotar o que fosse necessário, colocar tudo back on track e fazer o sonho e a empresa seguirem em frente.
Mas qual o futuro da FT? Com uma marca consolidada, boa penetração no canal de distribuição, aliada a um bom produto, ela possui uma vantagem competitiva sustentável interessante, que permite com que a empresa cobre um premium price pelos seus produtos. Isso a distancia da guerra sangrenta de preços que só destrói margem e valor da empresa, que deve ser evitada a todo custo por qualquer founder e CEO.
Há alguns anos se disséssemos que as grandes montadoras de automóveis estariam correndo atrás do caminho aberto por um tal de Elon Musk, de uma empresa chamada Tesla, ninguém acreditaria. Cabe aqui mencionar que a FT em 2019 já firmou um acordo operacional com a WEG para se aventurar no caminho da eletrificação de veículos…
Será que temos aqui um empreendedor brasileiro que irá trilhar o mesmo caminho vencedor de Musk, mas no mercado de autoparts? Só o tempo dirá. Remuneração passada não garante remuneração futura, mas convém lembrar que o garoto gaúcho que batia de porta em porta há poucos anos, hoje possui uma empresa com um valuation de milhões de dólares. Persistência, resiliência, valores certos e uma tremenda paixão pelo que faz ele possui de sobra.
Quem viver, verá.
Caso queira acompanhar a entrevista que fizemos com o Anderson, acompanhe o Canal Carsughi, nosso canal no YouTube e também nosso portal de automobilismo no UOL: