O futebol em São Paulo paralisou — pelo menos, na teoria. Em meio ao aumento do número de casos de Covid-19, além da alta taxa de ocupação dos leitos de UTI, o esporte vai — ou deveria — parar pela segunda vez em um ano. Com as restrições impostas pelo Governo paulista, eventos esportivos estão proibidos no estado de hoje até 30 de março.
Ainda assim, num cenário em que sistema de saúde pública beira o colapso, o Campeonato Paulista não será interrompido, se depender da sua Federação. A FPF confirmou que o jogo entre São Bento e Palmeiras, nesta quarta-feira, pelo Estadual, será disputado em Belo Horizonte. O caso está nas mãos do Ministério Público.
Na esfera futebolística, o coronavírus já prejudicava clubes e atletas. Surtos dentro dos clubes, jogadores reinfectados e um protocolo sem pé nem cabeça que serve apenas para satisfazer os desejos dos cartolas. Para o futebol, não importava a atual situação do país, afinal, “pessoas não pararam de morrer” — a justificativa extremista para prevalecer o pão e circo.
O Brasil é o país de suas próprias contradições. O individualismo — egoísta — se perpetua em nossa sociedade e se reflete no esporte. O esporte paralisa em São Paulo, mas clubes ainda defendem levar o futebol paulista para o restante do país.
Leva o futebol, espalha o vírus.
E talvez seja este o nosso maior adversário: o vírus da ignorância, há muito tempo enraizado no Brasil.