Após o grave acidente sofrido no último domingo no GP de Bahrein, Romain Grosjean conversou pela primeira vez com a imprensa.
O piloto francês se chocou contra o guard-rail logo na primeira volta, na curva 3, a mais de 200 km/h. Com o impacto da batida, com uma força de mais de 50G, o carro se partiu ao meio e explodiu. Ele ficou intermináveis 28 segundos dentro do carro em meio ao fogo. Felizmente, conseguiu escapar e ter consequências não tão graves: queimaduras de segundo grau nas mãos.
Ao TF1 e LCI, Grosjean conta que vai “muito bem dada a dimensão do acidente”, apesar das “mãos de Mickey”, se referindo aos curativos. Sobre as queimaduras, ele diz que são superficiais e que tem a mobilidade de todos os dedos. Ele, inclusive, já deixou alguns recados para os fãs no Instagram e Twitter, garantindo que é o mesmo que está escrevendo, apesar de estar “digitando devagar”.
Never thought that a few body weight squats would make me happy. Body recovering well from the impact . Hopefully same about the burns on my hands. ?
Thank you again to everyone for the messages.
Ps: still very slow at typing ?#r8g pic.twitter.com/PHr5nMZsZG— Romain Grosjean (@RGrosjean) December 1, 2020
“Eu não sei se a palavra ‘milagre’ existe ou se pode ser usada, mas, de qualquer forma, eu diria que esse não era meu momento [de morrer]. Pareceu muito mais que 28 segundos. Eu vi meu visor todo laranja, as chamas ao meu redor e o acidente de Niki Lauda veio à minha mente. Eu não queria acabar assim. Eu tinha que sair pelos meus filhos”, narra Grosjean. “No final, minhas mãos estavam queimadas e eu senti uma torção, pensei que tivesse quebrado meu pé. Tive mais medo pelos meus parentes, meus filhos em primeiro lugar, mas também meu pai e minha mãe. Eu não estava com medo por mim. Eu vi a morte chegando, eu não tinha outra opção a não ser sair dali”.
Do quarto do hospital em que está, Romain pode rever as cenas do acidente e conta que tentou sair três vezes do cockpit. “Para sair, eu consegui tirar o cinto de segurança. O volante não estava mais lá, provavelmente voou com o impacto. Coloquei minhas mãos no fogo e senti claramente o calor no chassi. Quando eu consegui sair, imediatamente senti alguém me puxando pelo macacão. Aí eu sabia que já estava fora”.
“Acho que, para mim, será necessário um pouco de trabalho psicológico porque realmente vi a morte chegando. Olhando para a filmagem, acho que nem mesmo Hollywood é capaz de fazer isso. É o maior acidente que já vi em minha vida. O carro queimando, explodindo… e as baterias pegaram fogo também, então gerou ainda mais energia no impacto”.
Com previsão de alta do hospital para essa quarta-feira, 02, ele espera poder encerrar sua carreira na Fórmula 1 em Abu Dhabi: “Eu diria que existe um sentimento de felicidade por estar vivo, de ver as coisas de uma forma diferente. Mas também existe uma necessidade de voltar para o carro, se possível em Abu Dhabi, para finalizar minha história com a Fórmula 1 de uma forma diferente. O Romain Grosjean nunca diria isso, mas, se eu for para Abu Dhabi, vou ficar feliz mesmo se terminar em 20º”.
Para finalizar a entrevista com o TF1, Grosjean diz que “foi quase como um segundo nascimento. Sair das chamas aquele dia é algo que marcará minha vida para sempre”. Ele relembra que o halo, peça de segurança instalada nos carros após o acidente que tirou a vida do piloto Jules Bianchi – e que foi muito criticada pelos fãs do esporte e pelos pilotos -, foi o que salvou sua vida. “Sem o halo, eu não estaria aqui. Acho que Jules não me queria lá em cima”. Agora, mais do que nunca, a utilidade do halo está fora de discussão e não existe mais espaço para questionamentos!
“Tenho muitas pessoas que me mostraram amor e isso me tocou muito, várias vezes me pego com os olhos lacrimejando”.
Mensagem do Romain Grosjean no hospital!
Vídeo legendado em PT-BR ?? pic.twitter.com/vXYRweTQf0
— Romain Grosjean Brasil ?? (@RGrosjeanBR) November 29, 2020