Uruguai x Gana foi uma partida muito maior do que alguém poderia imaginar. Há exatos 10 anos, assistíamos a um dos jogos mais emocionantes da história das copas.
O confronto era válido pelas quartas-de-final da Copa do Mundo da África do Sul. Quem vencesse, pegaria a Holanda, que havia eliminado o Brasil naquele mesmo dia.
O jogo
Muntari abriu o placar para Gana, com um belo chute, cheio de curva, de fora da área. Ao mesmo estilo, Forlán cobrou uma falta magistral e não deu chances para o goleiro, deixando tudo igual na partida. Até aí, um roteiro que era até comum para a Copa do Mundo; mas, na verdade, o drama apenas ganhava forma.
O jogo encaminhou para a prorrogação. Muito equilibrado, parecia que o destino final seria mesmo a decisão nas penalidades. Suárez, então surgiu como personagem principal dessa história. Após ser consagrado como o herói das oitavas de final – marcou os dois gols da vitória sobre a Coreia do Sul –, o camisa 9, em cima da linha, salvou com a mão o que seria o gol da classificação de Gana, no último lance da prorrogação.
O pênalti foi marcado. Asamoah Gyan foi para a cobrança e tinha uma responsabilidade enorme em suas costas: se fizesse o gol, classificaria Gana para a semifinal de Copa do Mundo. Seria a primeira seleção africana da história a ficar entre as quatro melhores do Mundial. E o mais emblemático é que seria em um torneio disputado na África do Sul.
Gyan carimbou o travessão. Suárez, de longe, comemorou como se fosse seu gol, e o destino do jogo se confirmou: era para ser decidido nas penalidades.
Nos pênaltis
Forlán, Victorino e Scotti fizeram para o Uruguai. Gyan – em busca de redenção – e Appiah repetiram a dose para os africanos. Até aí, 3 a 2 para o Uruguai em 100% de aproveitamento nas cobranças dos dois lados. Mensah, na oportunidade de igualar o marcador, parou em Muslera. Maxi Pereira teve a chance de ampliar, mas Richard Kingson defendeu. A estrela do goleiro cresceu, e ele pegou mais um penal, o de Adiyiah.
O último pênalti foi de Loco Abreu, que na época jogava no Botafogo. Com a maior frieza do mundo, deu uma cavadinha e classificou o Uruguai para a semifinal da Copa.
Aquele, foi o desfecho mais inesperado que o Mundial poderia nos oferecer. Nem mesmo o roteirista mais criativo ou o escritor mais inspirado.
O Uruguai perdeu a semifinal por 3 a 2 para a Holanda, mas ainda garantiu o terceiro lugar da Copa – Forlán foi eleito o melhor jogador do torneio. E Gana se juntou ao seleto grupo dos africanos que chegaram mais longe em uma disputa de Mundial: Camarões, em 1990, e Senegal, em 2002.